Correio braziliense, n. 19325, 23/04/2016. Economia, p. 9

Economia acumula tombo de 4,75%, diz BC

Vera Batista

O Brasil continua andando para trás e sem perspectivas de voltar a crescer a curto prazo. Um dos principais termômetros do desenvolvimento doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), registrou queda de 0,29% em fevereiro em relação a janeiro. Embora o resultado tenha ficado pouco abaixo das expectativas dos analistas de mercado, foi o 14° mês consecutivo de retração. Na comparação com o mesmo mês de 2015, o tombo alcançou 6,52%. Em 12 meses, a retração é de 4,75%. Como o IBC-Br é uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), o dado confirma nossas expectativas de queda de 4% do PIB em 2016. Por enquanto, não enxergamos melhoras na economia, destacou Alex Agostini, economista da agência classificadora de risco Austin Rating. Ele explicou que os principais setores de atividade %u2014 indústria, comércio e serviços 2014 vêm despencando.

O que tem sustentado pequenos avanços é a agropecuária, que tem peso relativamente pequeno nos cálculos. A lentidão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a demora na sua substituição podem agravar ainda mais o quadro de derretimento da economia. Mesmo que a taxa de juros caia em junho, o que esperamos que aconteça, a economia não terá força para reagir, por conta da crise política, a menos que um novo governo assuma e sinalize mudanças efetivas, destacou Agostini. Ainda assim, a troca de cadeira no Palácio do Planalto terá efeito imediato apenas na retomada da confiança do mercado. O novo governo terá que sinalizar que o seu principal foco é o equilíbrio das contas públicas e que vai conseguir aprovação do Congresso para medidas importantes, destacou. Para Agostini, resultados práticos dos ajustes a serem feitos agora só ocorrerão em 2017. Talvez no ano que vem nos deparemos com resultados positivos.

 

Temos hoje um buraco muito grande nas contas públicas, consequência de gastos excessivos que não deram retornos estruturais%u201D, avaliou. A atividade econômica, explicou o economista, voltou ao nível de 2010. Caso a economia continue paralisada em março, o primeiro trimestre de 2016 vai registrar retração de 1,3% no IBC-Br. Revisão Após atualizações feitas no mês passado, o IBC-Br apontou que a queda da atividade econômica em 2015 foi ligeiramente maior do que a informada anteriormente. Em vez dos 4,22% anunciados no fim de março, a retração foi de 4,23%. Pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o tombo da economia foi de 3,8%, em 2015. De acordo com o BC, a nova série do IB-Br incorpora a estrutura de produtos e avanços metodológicos do Sistema de Contas Nacionais 2014 Referência 2010, do IBGE. Destacam-se também a incorporação da Pnad Contínua, em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), e a da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Mesmo que a taxa de juros caia em junho, a economia não terá força para reagir, por conta da crise política, a menos que um novo governo assuma e sinalize mudanças efetivas Alex Agostini, da Austin Rating