Título: Acordo fechado na Eslováquia
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Fonte: Correio Braziliense, 13/10/2011, Economia, p. 16

Partidos chegam a entendimento para reforçar o fundo de socorro aos países europeus em dificuldades

Bratislava ¿ O governo e a oposição na Eslováquia anunciaram ontem ter chegado a um acordo que permitirá ao parlamento aprovar o plano de fortalecimento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), criado para socorrer as economias fragilizadas da Zona do Euro. Na terça-feira, a medida havia sido rejeitada em uma primeira votação, ameaçando agravar a crise de endividamento que pode levar a região em uma recessão de graves proporções.

O aumento do capital do fundo para 440 bilhões de euros foi acertado pelos líderes europeus numa reunião de cúpula em 21 de julho, mas precisava ser confirmado pelos 17 países que fazem parte da união monetária ¿ e a Eslováquia era o último deles. "O acordo torna possível que votemos amanhã à noite (hoje), ou no máximo na sexta-feira, e as leis vinculadas ao fundo serão aprovadas", disse Robert Fico, líder oposicionista e ex-primeiro-ministro.

O acordo na Eslováquia aconteceu após fortes pressões dos maiores países e das autoridades econômicas europeias. Na terça-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que a Zona do Euro se encontra "em situação muito perigosa", e avaliou que a crise que atormenta as economias da região pode se espalhar e contaminar os Estados Unidos, que já enfrentam seus próprios problemas de desaceleração econômica e de desemprego.

Perdas A notícia do acordo contribuiu para aliviar a tensão nos mercados, já bastante preocupados com o aumento dos problemas na

Grécia, epicentro da crise europeia, cuja recuperação deve impor severos prejuízo aos credores. Autoridades da Zona do Euro disseram ontem que os investidores privados devem sofrer uma perda entre 30% e 50% do valor de seus títulos no segundo pacote de ajuda ao país, em vez dos 21% acertados anteriormente. Nenhuma decisão, no entanto, foi ainda tomada. Os governos da região estão reavaliando os termos do financiamento porque o país enfrenta uma recessão maior que a esperada e porque os juros do mercado mudaram desde julho, quando foi anunciada a ajuda suplementar de 109 bilhões de euros.

Por causa da recessão, que deve provocar neste ano uma retração de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o déficit orçamentário da Grécia continuou a crescer em setembro, apesar das medidas tributárias e de corte de gastos já anunciadas.

O déficit do governo central cresceu 15%, para 19,16 bilhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério das Finanças.

A Grécia tem tido dificuldade para cumprir as metas fiscais estabelecidas pelos credores internacionais sob o pacote de ajuda financeira. Alcançar os objetivos definidos é necessário para que o país continue recebendo empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e evite ter que declarar uma moratória da dívida.

Em setembro, Atenas aumentou o imposto sobre vendas de restaurantes para 23% e começou a coletar uma taxa extra de 1% a 5% sobre renda bruta dos contribuintes. Mas as medidas não conseguiram aumentar as receitas tributárias líquidas, que encolheram 4,2% em termos panuais entre janeiro e setembro, ante queda de 5,3% nos primeiros oito meses. Ontem, o governo assegurou que cumprirá a meta de aumentar as receitas em 0,8% no ano. O objetivo seria atingido com a ajuda de um imposto sobre propriedade e por outros cortes de gastos.

Chineses reclamam dos Estados Unidos

O governo chinês pediu que a administração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, bloqueie um projeto de lei aprovado no Senado para sobretaxar os produtos da China. Segundo as autoridades de Pequim, a proposta se destina a forçar a valorização do iuan e tem um caráter eminentemente protecionista. "Ela viola gravemente os regulamentos da Organização Mundial do Comércio. A China exorta o governo dos Estados Unidos, o Congresso e todas as partes a se oporem resolutamente ao uso de legislação local para criar uma confusão e fazer pressão na taxa de câmbio", disse Ma Zhaoxu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Segundo ele, a legislação, se aprovada, pode gerar mais desentendimento comercial entre os dois países, interrompendo esforços conjuntos para a cooperação com vistas à recuperação econômica global.