Correio braziliense, n. 19330, 28/04/2016. Política, p. 2

Conversas com o setor agrícola

Paulo de Tarso Lyra

Enquanto Dilma pisa no acelerador dos projetos sociais e, em paralelo, tenta evitar o impeachment no Senado, Michel Temer segue recebendo os segmentos empresariais e políticos para recolher sugestões para o futuro governo. Ontem, enquanto a presidente reunia-se com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, a Frente Parlamentar do setor estava com Temer apresentando as propostas do agronegócio.

A primeira reivindicação dos deputados e senadores foi para que a pasta, que vem sendo sucessivamente responsável por evitar um desastre maior no PIB brasileiro, deixe de ser conduzida de maneira ideológica. “A presidente assinou 29 decretos de desapropriação de terras após o Tribunal de Contas da União (TCU) demonstrar diversas irregularidades na reforma agrária”, criticou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).

Os produtores rurais também estão preocupados com os possíveis aumentos de invasões de terras. A ameaça já foi feita pelas próprias lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que avisaram que o impeachment da presidente Dilma Rousseff poderá “incendiar o país”.

 

Fusão de pastas

O grupo procurou o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, para criticar a participação do Exército em operações de expropriação e desapropriação de terras. Segundo Leitão, o próprio Aldo admitiu que isso era incompatível, por ser uma função de outras forças policiais. “Mas alertamos que essa segurança não pode ser feita apenas pela Força Nacional de Segurança, já que esta responde diretamente à presidente Dilma, que tem lado nessa disputa”, completou o deputado tucano.

 

Leitão defende ainda que o Ministério do Desenvolvimento Agrário seja unificado com a Agricultura. “A política agrícola é uma só e o banco que financia a produção é o mesmo. É desnecessária a divisão.” Mas ele reconhece que, dificilmente, Temer promoverá mudanças de estrutura num primeiro momento. (PTL)