O Estado de São Paulo, n. 44727, 02/04/2016. Política, p. A7

Petistas dizem que ação é política e afronta Supremo

Para eles, magistrado usa ‘teoria da conspiração’ e, a partir de ilações, tenta atingir Lula e o PT; empresário afirma que é vítima

Por: Ricardo Brandt /Fausto Macedo/ Julia Affonso/Ana Fernandes/ Ricardo Galhardo/Pedro Venceslau

 

A defesa dos investigados na 27.ª fase da Operação Lava Jato criticou as prisões e conduções coercitivas decretadas ontem pelo juiz federal Sergio Moro. Em nota, o Instituto Lula afirmou que “a reabertura de um caso encerrado em todas as instâncias judiciais a partir de ilações sem fundamento é mais uma arbitrariedade cometida pelo juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula”. “Por agir assim, este juiz já foi severamente advertido pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão unânime na última quinta-feira. Ao perseverar nessa atitude de nítida perseguição política e pessoal, tentando envolver Lula em suas teorias de conspiração, o juiz Moro e a Força Tarefa afrontam a Suprema Corte, os direitos de Lula e de cada cidadão”, diz a nota. Gilberto Carvalho, ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que junto com o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez esforços para que o assassinato de Celso Daniel fosse esclarecido. Ele lembrou que o caso foi amplamente investigado durante a CPI dos Bingos e criticou o “uso político” do crime. “Este caso foi amplamente abordado na CPI dos Bingos, ocasião em que Carvalho prestou dois depoimentos, entre eles uma acareação com os irmãos Daniel e nenhuma evidência contra ele foi encontrada. Gilberto declara ter todo o interesse em que as investigações sejam realizadas com objetividade e sem o uso político que mais uma vez se pretende dar ao assunto. A morte de Celso Daniel representou a perda de um grande companheiro”, diz a nota do ex-ministro.

 

Ação. O jornalista Breno Altmann afirmou que está orientando seus advogados a entrarem com ação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra Moro. Ele questiona a legalidade da condução coercitiva à qual foi submetido por ordem de Moro. Em nota, Breno afirmou que “sob a bandeira de combate à corrupção” a Lava Jato se trata na verdade de uma “investigação seletiva e contaminada, cujo objetivo derradeiro é a derrocada do governo da Presidenta Dilma Rousseff, a interdição do ex-presidente Lula e a criminalização do PT”. Breno prossegue dizendo que “depois das multitudinárias concentrações de ontem e da revogação de decisões arbitrárias do juiz Moro pelo Supremo Tribunal Federal, era de se esperar que a República de Curitiba revidasse”. “Seu papel principal, afinal, é fabricar fatos que alimentem os meios de comunicação alinhados à oposição de direita. Sou apenas mais um dos alvos deste tornado antidemocrático.” Por fim, disse: “Não foi apresentada, durante o interrogatório, qualquer prova ou indício de meu eventual envolvimento no caso investigado, de suposto empréstimo ao empresário Ronan Maria Pinto”. A defesa do empresário Ronan Maria Pinto informou que “há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da Operação Lava Jato, assim como a citação indevida de seu nome”. “Mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas.” A advogada Mariângela Tomé, que defende Silvio Pereira, afirmou que não ia se manifestar pois não tomou conhecimento dos autos. O Estado não conseguiu localizar a defesa de Delúbio Soares.

 

Diário. Em nota publicada em sua página na internet, o Diário do Grande ABC afirma que o presidente da empresa, Ronan Maria Pinto, preso ontem, “sempre se colocou à disposição das autoridades e sempre negou qualquer envolvimento em atos de corrupção ou chantagem”. “O Diário do Grande ABC é e sempre será maior do que qualquer um de seus acionistas e colaboradores. E seguirá firme no compromisso e na responsabilidade de bem informar os moradores das sete cidades da região”, diz Ouvido em 2 de fevereiro pela Lava Jato, Natalino Bertin afirmou que “em relação ao depósito de R$ 12 milhões na conta do Frigorífico Bertin em 2004, depositados por José Carlos Bumlai” que ele “não tinha conhecimento deste pagamento”. / RICARDO BRANDT, JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO, ANA FERNANDES, RICARDO GALHARDO, PEDRO VENCESLAU

 

Ditadura

“Nem na ditadura militar no Brasil, nós tivemos episódios onde escritórios de advocacia foram grampeados ilegalmente”

Paulo Pimenta (PT-RS)

DEPUTADO FEDERAL AUTOR DE PEÇA