Valor econômico, v. 16, n. 3987, 19/04/2016. Brasil, p. A6

PDT começa processo de expulsão de deputados infiéis

Raphael Di Cunto

Thiago Resende

A comissão nacional do PDT cumpriu a promessa de expulsar quem votasse a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e se reuniu ontem para dar início ao processo de desfiliação dos seis deputados que contrariaram a decisão partidária. Quatro deles perderão o comando da legenda em seus Estados.

Em nota, o PDT lembrou que o partido decidiu por três vezes que votaria contra o "golpe": em dezembro, em janeiro e na sexta-feira anterior à votação. Apesar disso, Mario Heringer (MG), Sérgio Vidigal (ES), Giovanni Cherini (RS), Flávia Morais (GO), Subtenente Gonzaga (MG) e Hissa Abrahão (AM) decidiram votar a favor do impeachment de Dilma, ajudando a aprovar o parecer.

O caso dos seis parlamentares será julgado no Conselho de Ética do partido, "garantindo amplo direito de defesa". O conselho proferirá um parecer que será votado na reunião do diretório nacional do PDT em 30 de maio. Caso confirmada a expulsão, a legenda perderá um terço de sua bancada federal. Cairá de 19 para 13 deputados.

Heringer, Vidigal, Abrahão e George Morais, marido da deputada Flávia, serão destituídos da presidência do PDT em seus Estados. Para os três últimos a decisão é ainda mais dura porque, sem partido, não poderão concorrer nas eleições municipais de outubro - o prazo para estar filiado acabou em 2 de abril.

Cherini disse que quer continuar no partido. Sustentou que a votação do impeachment "não é ideológica" e por isso não caberia um fechamento de questão pelo PDT. Afirmou ainda que, em pesquisa interna, constatou que 85% da sua base eleitoral é a favor do impeachment. O pedetista disse também que, mesmo se expulso, não perderá o mandato, conforme entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A infidelidade só vale se ele decidir sair.

Vidigal, que está filiado ao PDT há 28 anos, questionou "a mando de quem o partido está". "É muito estranho o PDT querer me expulsar por eu não ter votado com um partido [PT] que não tem a mesma prática e mantém Zé Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha filiados mesmo depois que os três foram condenados no mensalão", afirmou.

 

O pedetista reconhece que a expulsão será um problema para seus planos. Ele é candidato a prefeito de Serra, cidade mais populosa do Espírito Santo, e tem 42% de intenção de voto. "Além do PT, o PDT foi o único partido que apoiou Dilma em 2014 no Estado. Já demos nossa contribuição", disse.