Valor econômico, v. 16, n. 3986, 18/04/2016. Política, p. A6

Temer tende a escolher Meirelles para Fazenda se Dilma for afastada

Por: Por Leandra Peres e Bruno Peres

Por Leandra Peres e Bruno Peres | De Brasília

 

O ministro da Fazenda de um eventual governo Michel Temer terá a garantia de trabalhar com uma equipe coesa, mas isso não excluirá indicações políticas para os bancos públicos ou para as principais estatais. A disputa para o principal ministério da Esplanada, ontem, se afunilava a favor de Henrique Meirelles, com o senador José Serra (PSDB-SP) na área social.

Temer: caso chegue à Presidência, uma das primeiras medidas do vice deve ser a redução para 22 do total de ministérios e a escolha de José Serra para a área social

De acordo com auxiliares próximos ao vice-presidente, o enxugamento de ministérios, já definido como uma dasprimeiras medidas do governo, deve reduzir os postos de primeiro escalão a 22. Desse total, oito formarão o chamado núcleo duro do governo, o que deixará 14 ministérios para atender aos demais partidos que apoiarem o governo.

Nesse desenho, explicam esses assessores, cargos como o Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal e Petrobras "valem mais que um ministério" e poderão ser negociados com aliados. A exigência é que ocandidato tenha um perfil que se alinhe à política econômica. O time do vice também inclui Codevasf, Sudam, FNDE e os fundos ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia como postos que poderão ajudar na composição política.

A ideia é que a política fiscal se firme num primeiro momento com cortes de despesas. A discussão sobre aumento de tributos só virá depois. Os articuladores mais próximos de Temer falam em manter a proposta deestender a desvinculação de receitas orçamentárias a Estados e municípios.

A estrutura pensada para o Palácio do Planalto inclui dois ministros - Casa Civil e uma secretaria de governo encarregada da negociação política. A Secretaria de Comunicação perderá o status de ministério, o mesmo devendo acontecer com as demais secretarias do governo, desde Aviação a Portos.

No Congresso, as lideranças do governo poderão ficar com partidos aliados para que o PMDB não domine toda a cena política, já que tem a presidência da Câmara e Senado.

As articulações para a formação do novo governo sofreram ontem a primeira crise aberta. Márcio de Freitas, assessor de imprensa que trabalha com o vice-presidente há 15 anos e considerado um de seus principais auxiliares, pediu demissão. A gota d'água teriam sido entrevistas do vice negociadas diretamente por pessoas próximas a ele, sem a participação do assessor. O entorno do vice-presidente, no entanto, tentava reverter a crise. O vice e seu assessor devem se encontrar hoje.

Hoje, Temer receberá, na residência oficial, representantes das centrais sindicais Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central para um "diálogo aberto" sobre as reivindicações dos sindicalistas. O encontro ocorrerá dias apósTemer se reunir com expoentes do setor financeiro e empresarial no país, entre os quais o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

Apesar do gesto de aproximação, Temer declinará do convite do deputado Paulinho da Força (SD-SP) e não vai comparecer ao ato promovido pelas entidades sindicais em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, em1º de Maio, em São Paulo. O vice presidente recebeu ontem o líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), cotado para o Ministério do Meio Ambiente e o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso (PMDB).