Valor econômico, v. 17, n. 4011, 24/05/2016. Brasil, p. A3

Temer vai ao Congresso e expectativa é que nova meta fiscal seja votada hoje

Por: Por Vandson Lima, Thiago Resende, Fábio Pupo e Andrea Jubé

 

Em sua primeira visita ao Congresso Nacional desde que se tornou presidente interino, Michel Temer levou consigo seus principais ministros em busca de apoio para a mudança da meta fiscal, que amplia o déficit esperado para R$ 170,5 bilhões este ano.

Saiu com a promessa do presidente da Casa, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de atuar em favor da proposta, que precisa ser chancelada por deputados e senadores em sessão conjunta que começa hoje às 11h. O cenário, no entanto, mostra-se desafiador: horas depois da reunião, na Comissão Mista de Orçamento (CMO), onde a medida deveria passar antes e se esperava a aprovação rápida ainda ontem, encerrou os trabalhos por falta de quórum. O colegiado se reúne novamente hoje às 10h, uma hora antes de o Congresso iniciar a apreciação de vetos presidenciais e a autorização para o déficit.

Caso não seja votado na CMO a tempo, a nova meta deve ir direto para o plenário do Congresso, uma manobra prevista no regimento. Temer chegou ao Congresso sob intensa vaia e gritos de "golpista" puxado por parlamentares do PT. Acompanhado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Romero Jucá (Planejamento), o presidente interino ficou aproximadamente meia hora na sala de reuniões de Renan. Deixou o local sem falar com a imprensa, tarefa que coube a Jucá, que aproveitou para anunciar sua saída do governo.

Aos jornalistas, Renan avaliou que a mudança da meta não se trata de uma questão partidária, mas de impedir que o novo governo fique comprometido e se evite um contingenciamento capaz de parar a máquina pública. "O que está em jogo é a necessidade de reduzir a meta fiscal, para que este governo não entre na ilegalidade que o outro entrou", disse. O PT anunciou que vai obstruir a pauta, mas Renan disse que trabalhará pela aprovação. "É natural. A obstrução é regimental. Não vamos atropelar o regimento, mas vou ajudar o governo Michel da mesma forma que ajudei o governo Dilma", alegou. Para o presidente, "o Brasil precisa encontrar uma saída. E Temer é a única saída constitucionalmente à vista", motivo pelo qual precisa de apoio do Congresso, alegou.

Senadores do PT e do PCdoB avaliam que não há clima para que o Congresso Nacional vote esta semana a mudança - o que teria de ocorrer hoje ou na quarta-feira. Apesar de ser minoria, a oposição pretende usar todas as manobras regimentais para evitar a votação.

A bancada do PT iria se reunir ainda ontem para traçar estratégias. Tentará, inclusive, evitar a realização hoje da sessão da comissão especial do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que apresentará o cronograma para o rito.

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