Valor econômico, v. 16, n. 3977, 05/04/2016. Política, p. A6

Pemedebista propõe antecipação de eleição presidencial para outubro

Por: Por Vandson Lima

Por Vandson Lima | De Brasília

 

Integrante da Executiva Nacional do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO) propôs ontem, na tribuna do Senado, a realização de novas eleições presidenciais em outubro, junto com as eleições municipais.

Tido como um aliado tanto do vice-presidente Michel Temer como do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Raupp avaliou que a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff sofrer um impeachment, com Temer assumindo o posto, não irá pacificar o país. "Com ou sem impeachment, não vai cessar a crise política. Surgem temores da judicialização do processo", apontou.

Valorapurou que, paralelamente à iniciativa de Raupp, um grupo suprapartidário de senadores costura a apresentação nos próximos dias de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para convocar nova eleiçãopresidencial este ano. Outra medida discutida no Senado seria realização de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política, que poderia ser eleita igualmente em outubro, junto com a disputa municipal. O senadorPaulo Paim (PT-RS) encabeça a discussão.

Raupp disse que, uma semana antes de o PMDB desembarcar do governo Dilma, conversou com Temer. O vice teria lhe confidenciado não querer assumir o comando do país nas atuais condições. "Ele me disse 'Raupp, eunão quero ser presidente numa situação dessas. Com ou sem impeachment, esse negócio não vai acabar bem'". O senador disse que Temer está no momento "recolhido, pois estão batendo muito nele".

Raupp disse que Dilma deveria puxar esse movimento, no que, garante, seria apoiada por Temer. "Esse movimento deveria ser puxado pela presidente Dilma. Temer apoiaria. Seria um gesto de grandeza". Raupp foi apoiado na proposta por senadores como Cristovam Buarque (PPS-DF), João Capiberibe (PSB-AP) e José Medeiros (PSD-MT).

Líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) defendeu que, se é para haver eleição como forma de debelar a crise política, esta deveria ser para todos os cargos, já que grande parte do problema, sustenta, vem da atitude beligerante do atual quadro de deputados e senadores.

"Existe legitimidade para este Congresso Nacional? Existe respeitabilidade para aquela Câmara dos Deputados que está lá e até para nós, aqui, senadores? Vão continuar os mesmos parlamentares que são parte dessacrise? Ora, se alguém quiser apresentar qualquer ideia de eleição, tem de ser para eleição geral", defendeu.

A iniciativa dos senadores coaduna com a do partido Rede Sustentabilidade, que lança hoje a campanha "Nem Dilma Nem Temer, Nova Eleição é a Solução", pedindo por nova eleição presidencial. O ato, em Brasília, teráparticipação de integrantes da legenda, como a ex-senadora Marina Silva, e parlamentares na Câmara e no Senado.

Para o partido, a presidente Dilma e o vice Temer são responsáveis pela crise brasileira e um novo pleito permitiria que a repactuação do país através de uma nova eleição.

Na pesquisa Datafolha de março, Marina lidera numericamente as intenções de voto para a Presidência da República em 2018 e tem entre 21% e 24% das intenções de voto, a depender de quem for o candidato do PSDB.