O globo, n. 30230, 13/05/2016. País, p. 23

Temer enfrenta protestos no primeiro dia

Manifestantes tentaram invadir Planalto e foram dispersados com spray de pimenta pela polícia
 

 

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Enquanto Michel Temer era empossado no Palácio do Planalto como presidente em exercício, do lado de fora militantes protestavam contra o afastamento de Dilma Rousseff. Os manifestantes tentaram invadir o prédio, gritaram palavras de ordem contra o novo governo e entraram em confronto com a polícia, que usou gás de pimenta para dispersar a confusão. Cerca de 40 mulheres se acorrentaram à grade de proteção do palácio por quatro horas.

Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, ninguém foi detido durante a confusão, que aconteceu quando havia cerca de 200 manifestantes na área. Os policiais agiram em apoio à segurança do Planalto quando um grupo ultrapassou a grade de proteção e tentou invadir o local. Os manifestantes chegaram a deitar na rampa do palácio e só saíram depois de atacados com gás de pimenta. Minutos depois, outro confronto teve início, novamente com o uso do produto, levando ao fim da manifestação.

Uma das militantes, a cientista política Louise Caroline, 32 anos, afiliada ao PT, disse que a mobilização em frente ao Planalto é só o início:

— A gente veio dizer que não tem arrego. Vamos todos os dias desse presidente interino lembrá-lo que ele não tem legitimidade. Temer deu o golpe numa mulher e apresenta um Ministério sem nenhum mulher. Isso é simbólico, é prova de que já conhecemos esse governo: de brancos, homens, representantes das elites.

Em meio à confusão, militantes que apoiam o novo governo também acabaram atingidos pelo gás de pimenta. Eles estavam a poucos metros dos manifestantes a favor de Dilma. Antes do confronto, os dois grupos chegaram a trocar insultos, mas policiais fizeram uma barreira entre os adversários.

Antes das 19h, o clima já era de tranquilidade nos arredores do palácio, mas policiais se mantiveram no local para garantir a segurança.

 

PATOS DE PAPELÃO QUEIMADOS

Em São Paulo, um protesto organizado por movimentos sociais fechou os dois sentidos da Avenida Paulista ontem à tarde. O grupo pró-Dilma, acompanhado por um caminhão de som, saiu em marcha em direção ao prédio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), local do acampamento pró-impeachment, onde queimaram patos de papelão. O pato é um símbolo, criado pela Fiesp, do movimento pelo afastamento da presidente Dilma.

— Não haverá trégua. A disposição dos movimentos é de resistência. Estamos diante de um governo ilegítimo, que não foi eleito — afirma Guilherme Boulos, líder do MTST, que fez duras críticas ao ministério de Temer:

— Falaram em ministério de notáveis e estamos vendo notáveis de corruptos.

À noite, durante fala de Temer no “Jornal Nacional, houve panelação nos Jardins e Pinheiros