Valor econômico, v. 17, n. 4.012, 26/05/2016. Empresas, p. B2

Eletrobras espera fechar acordo com sócios em Belo Monte ainda este mês

Por: Rodrigo Polito

 

A Eletrobras pretende chegar a um acordo ainda este mês com os sócios na Norte Energia relativo à parcela de energia descontratada da hidrelétrica de Belo Monte destinada ao mercado livre. A comprovação da comercialização desse bloco de energia, da ordem de 900 megawatts (MW) médios, é necessária para que a Norte Energia tenha acesso a uma tranche do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o empreendimento, no valor de R$ 2 bilhões.

“Estamos equacionando os PPAs [sigla em inglês para contrato de compra e venda de energia] de tal maneira que a gente tenha condições de, com isso, pegar o financiamento que falta do BNDES. Acho que até o fim deste mês a gente consegue. [O caso] está bem adiantado”, disse ontem o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, seminário sobre energias limpas do Bracier, no Rio.

O executivo não forneceu detalhes das negociações. No fim de abril, os sócios da Eletrobras aprovaram a abertura de uma arbitragem para tratar de uma divergência com a estatal em relação a uma cláusula do acordo de acionistas. Na prática, os sócios entendem que o grupo estatal deve comprar a parcela de energia descontratada de Belo Monte. Já a Eletrobras propõe que cada acionista compre essa energia na proporção de sua participação no empreendimento.

A Eletrobras, junto com Chesf e Eletronorte, possui 49% da Norte Energia. O restante pertence a um conjunto de sócios, entre eles Vale, Cemig, Neoenergia e Light.

Com relação à suspensão da negociação das ADRs (sigla em inglês para recibos de ações) na Bolsa de Nova York (Nyse), Carvalho Neto disse que a companhia enviará recurso à entidade dentro do prazo, até domingo.

Com relação à investigação interna sobre indícios de corrupção na companhia, ele contou que a Eletrobras está fazendo “o máximo possível” para ter elementos suficientes para obter o parecer da KPMG e arquivar o relatório 20-F na Securities and Exchange Comission (SEC) antes de a Nyse deslistar as ADRs. “Primeiro estamos tentando não ser deslistado. E depois, se não der tempo, a gente voltar a ser listado, com a conclusão das investigações”, completou Carvalho Neto.

O executivo disse que espera para os próximos quinze dias a definição do nome para ocupar a recém-criada diretoria de Compliance (conformidade).

Sobre a privatização da Celg Distribuidora (Celg D), o presidente da Eletrobras disse esperar que as pendências existentes entre o governo de Goiás e o governo federal sejam resolvidas rapidamente para que a empresa possa ser licitada. A Eletrobras possui 51% da Celg D. O restante pertence ao governo goiano, por meio da Celgpar.