Título: 50 anos de políticas ineficientes
Autor: Maia, Flavia; Alcântara, Manoela
Fonte: Correio Braziliense, 17/10/2011, Cidades, p. 17

DF e Goiás esperam ajuda do governo federal para contratar pessoal e construir centros de detenção

A situação caótica do Entorno não é novidade para as autoridades. De acordo com o chefe do Gabinete de Gestão de Segurança Pública do Entorno do DF, coronel Edson Costa Araújo, são 50 anos tentando implementar políticas eficazes nas áreas de saúde, de educação, de infraestrutra e de segurança pública. Agora, a esperança é que a solução venha do governo federal. Em setembro, a presidente Dilma Rousseff mostrou a preocupação com os 19 municípios que circundam a capital federal e solicitou aos governadores do DF, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que enviassem à Casa Civil um documento com as principais necessidades da região. O intuito é analisar a proposta para incluir o Entorno em ações do Programa de Desenvolvimento do Entorno.

Um levantamento feito pelo gabinete mostra que, para melhorar a segurança pública e o sistema prisional, seriam necessárias mudanças drásticas e grande investimento. Só em estrutura física, o pedido é que sejam liberados R$ 500 milhões para a construção de 11 presídios, 20 unidades de polícia pacificadora ¿ no modelo das que funcionam no Rio de Janeiro ¿ compra de mobiliário, equipamentos para as unidades, entre outros itens.

Para possibilitar que as atuais estruturas e as novas funcionem adequadamente, eles pedem um efetivo de 8 mil profissionais para a área de Segurança Pública do Entorno. Atualmente, são 2,7 mil. Isso representaria um gasto fixo de R$ 550 milhões anuais. A necessidade na Polícia Militar é que o efetivo aumente de 1,7 mil para 4 mil; na Polícia Civil, o salto precisa ser de 434 para 1.234; de 171 para 1.674 no Corpo de Bombeiros; 72 para 577 na polícia técnico-científica e um aumento de 238 para 956 agentes prisionais. Os gastos com armamento e custeio ficariam em R$ 70 milhões anuais.

O relatório com todas essas solicitações, além da inclusão de áreas essenciais, será entregue ainda este ano para a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hofmann. "Não adianta investirmos em estrutura se não tivermos pessoal. Elaboramos um programa largo que atenda todo o sistema. Ele deve ser discutido com os governadores do DF e de Goiás e com a ministra", ressaltou o coronel Edson Costa. Ele acredita que o investimento do Governo Federal deve ser complementado pela proposta do senador Rodrigo Rollemberg de destinar, em 10 anos, 5% do Fundo Constitucional para o Entorno. "Temos que acabar com esse apartheid que existe entre o Entorno e o DF. Os investimentos precisam começar a vir da capital também. Os problemas das regiões estão diretamente ligados", complementou.

A proposta é polêmica e desagrada o governador do DF. "É impossível retirar verbas do Fundo Constitucional. Ele é a sobrevivência da capital. Lançar mão desse recurso é colocar o DF sob ameaça", afirmou Agnelo, em sessão solene em homenagem ao Dia das Crianças, na última quarta-feira, no Cento Comunitário da Criança, em Ceilândia. Ele alega que o PAC do Entorno, sugerido pela presidente da República, e outros programas seriam soluções mais corretas. "Uma grande intervenção será feita no Entorno, mas não com recursos do Fundo Constitucional", reforçou Agnelo.