Valor econômico, v. 17, n. 4.008, 19/05/2016. Brasil, p. A4

Governo trabalha para votar nova meta até dia 30, diz Jucá

Por: Por Rodrigo Carro

 

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou ontem no Rio de Janeiro que a situação financeira do governo federal é pior do que havia sido previsto com base nos números divulgados pelo governo anterior. Sem revelar qual seria a dimensão do descompasso financeiro, Jucá frisou que a estimativa de déficit primário em torno de R$ 96 bilhões proposta pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff não corresponde à realidade. O ministro participou ontem da abertura da 46ª Reunião Ordinária da Assembleia Geral da Alide (Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento), num hotel da Barra da Tijuca.

Jucá informou ainda que o governo trabalha para votar até o próximo dia 30 a meta de superávit fiscal da União para este ano. A meta deverá ser apresentada no início da próxima semana, acrescentou o ministro. "Estamos confiantes na aprovação", disse. Jucá insistiu no ponto de que a projeção de déficit a ser divulgada precisa ser factível, de forma a evitar "a incerteza de números" que - na opinião dele - caracterizou o governo anterior.

O ministro comentou também a negociação da dívida dos Estados com a União. Na última terça-feira, seis Estados defenderam a proposta de um período de carência de pelo menos um ano para o pagamento de juros. "Não vamos discutir moratória", afirmou Jucá, acrescentando que qualquer medida financeira destinada a solucionar o problema da dívida dos estados com a União será contabilizada na projeção de déficit do país neste ano. "Estamos buscando uma saída que dê oxigênio, um refresco, para osEstados", disse o peemedebista. "A modelagem [da solução] deverá estar prevista no déficit."

Para o ministro, o déficit precisa ser analisado conjuntamente pelas duas partes envolvidas uma vez que qualquer postergação nos pagamentos afeta as finanças da União. Na terça-feira, o governador interino do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, estimou que o Estado poderia economizar R$ 10 bilhões caso o pagamento de juros da dívida com o governo federal fosse suspenso por 12 meses.

Entre as possíveis soluções que estão em negociação, Jucá citou o pagamento apenas dos juros da dívida (e não do principal) temporariamente. E, também, a criação de prazos diferentes para os pagamentos de débitos dos estados com o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Questionado sobre a "ansiedade" de alguns setores com relação ao anúncio de medidas concretas para solucionar a crise econômica no país, o ministro pediu calma: "Temos que levantar todo o quadro da economia", afirmou o ministro.

Jucá citou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o seu próprio caso como exemplos das várias frentes em que o governo vem trabalhando. "Quando falarmos, estaremos falando com consequência", justificou. Jucá não quis comentar a escolha do deputado André Moura (PSC-SE) - aliado do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - para o posto de líder do governo Michel Temer na casa, nem a permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência da instituição.

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