Título: De olho no cargo
Autor: Decat, Erich; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2011, Política, p. 2

A defesa que os partidos fizeram ontem do ministro do Esporte, Orlando Silva, foi apenas protocolar. Em conversas reservadas, deputados e senadores da base não escondem que já existe uma fila de interessados para ocupar o lugar dele. No PMDB, há quem diga que Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, estado que tem a capital como sede das Olimpíadas de 2016 e palco da final da Copa do Mundo, tem inclusive um nome engatilhado para apresentar à presidente Dilma Rousseff, caso ela decida pela saída do atual ministro.

O PMDB não está sozinho no sonho de ocupar o Ministério do Esporte. No PSD de Gilberto Kassab, o nome do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é visto hoje como um curinga. Ainda que Kassab tenha dito que não deseja um cargo no governo, o comando das Olimpíadas e da Copa é uma honraria que integrantes do partido no Congresso garantem que ele não teria como recusar.

No PT, o líder do partido, Paulo Teixeira, se mostrou solidário ao ministro, criticou a reportagem da revista Veja, que trouxe a denúncia, mas não defendeu Orlando Silva. Entre os petistas, há uma sensação de que o PCdoB foi longe demais nos cargos que ocupa dentro do governo. Comanda, além do Esporte, a Agência Nacional do Petróleo (ANP). E tem apenas 13 deputados e dois senadores, enquanto o PTB, com seis senadores e 24 deputados, não tem cargos de primeiro escalão.

No Senado, berço do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, há quem dê como certa a indicação do atual superintendente de Abastecimento da ANP, Dirceu Amorelli, para o lugar do atual diretor-geral, Haroldo Lima. Enquanto Lobão tenta a ANP, os outros se movimentam pelo Esporte. E o PCdoB vai ficando cada mais sozinho.