Título: A crise e a queda do ministro
Autor: Amado, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2011, Política, p. 4

A crise no Ministério dos Transportes começou quando, em 2 de julho, uma denúncia revelou o suposto esquema de cobrança de propina montado na pasta para abastecer os cofres do PR, partido do então ministro Alfredo Nascimento. A presidente Dilma Rousseff determinou o afastamento de quatro integrantes da cúpula dos Transportes, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot.

O esquema cobraria uma porcentagem das empresas de consultoria responsáveis por criar os projetos de obras em ferrovias e rodovias, para ter a certeza de vitória das licitações. As empreiteiras teriam liberdade para superfaturar as obras e fazer aditivos, aumentando o preço dos contratos. Por trás do esquema, estaria o deputado Valdemar da Costa Neto (SP), secretário-geral do PR.

Uma sequência diária de outras denúncias mostrou benefícios que pessoas ligadas a Nascimento tiveram. A primeira revelava que seu chefe de gabinete, Mauro Barbosa da Silva, estava construindo uma mansão no Lago Sul avaliada em R$ 4 milhões. Em seguida, uma reportagem mostrou que seu filho, Gustavo Morais Pereira, vinha sendo investigado pelo Ministério Público Federal por enriquecimento ilícito, já que sua empresa teve um crescimento de 86.500% em apenas dois anos.

Na mesma semana, voltou à mídia um vídeo divulgado em reportagem do Correio de setembro de 2009, mostrando Nascimento e Valdemar Costa Neto no gabinete do ministro tentando cooptar o deputado Davi Alves da Silva Júnior, então no PDT, a ingressar no PR. Pressionado pelas denúncias, o ministro pediu demissão em 6 de julho. O secretário executivo da pasta, Paulo Sérgio Passos, assumiu o ministério. (GA)