Valor econômico, v. 17, n. 4.009, 20/05/2016. Política, p. A5

Pedro Parente é escolhido para presidir Petrobras

Temer ainda negocia a definição do comando dos bancos públicos

Por: Andrea Jubé / Bruno Peres

 

Após uma longa negociação, o ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento no governo Fernando Henrique Cardoso, Pedro Parente, aceitou ontem o convite do presidente interino Michel Temer para presidir a Petrobras. Nos últimos dois dias, Temer também se ocupou de definir o comando dos bancos públicos, reunindo-se em seu gabinete com os indicados ontem e na noite de quarta-feira.

Integrante do conselho de administração da BM&F Bovespa e à frente de uma administradora de fortunas, Parente hesitou em aceitar o convite. Seu nome era considerado determinante para contornar a turbulência que atinge a Petrobras, diante de sua atuação para solucionar a crise energética no governo de Fernando Henrique em 2001.

Temer conversou por telefone com Parente, que estava a caminho de Nova York. Ele retornou ontem dos Estados Unidos e se dirigiu para reunião com o presidente interino no Planalto. Eles ficaram reunidos das 16h30 até 19 horas, quando concedeu uma entrevista para anunciar que aceitara a "convocação".

Antes de anunciada a definição, uma fonte do governo ressalvou ao Valor que se Parente recusasse a Petrobras, também poderia assumir a presidência do Banco do Brasil, caso se identificasse mais com a função. Servidor de carreira do Banco Central, ele teria perfil para o cargo, para o qual ainda não há definição. De qualquer forma, era um executivo que Temer faz questão de ter em sua equipe.

Nos últimos dias, o nome mais cotado para a presidência do Banco do Brasil vem sendo o do presidente da Infraero, Gustavo do Vale, executivo de confiança do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Temer se reuniu com Vale e Padilha na noite de quarta-feira. Mas antes, a missão prioritária de Vale é comandar o processo de reestruturação da Infraero, estatal que ainda está sob seu comando.

Para a presidência da Caixa Econômica Federal, está confirmado o nome do ex-ministro da Integração Nacional Gilberto Occhi - indicação do PP. Temer também se reuniu com Occhi e com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na quarta-feira.

Além de se reunir com Vale e com Occhi na noite de quarta-feira, Temer recebeu ontem em seu gabinete, antes da reunião com Parente, a economista Maria Silvia Bastos, que assumirá a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro do Planejamento, Romero Jucá, levou Silvia para dar um abraço em Temer, no primeiro encontro formal de ambos após o anúncio de Maria Silvia para o comando do banco. Essa sequência de reuniões mostra que Temer está dedicando estes dias finais da semana para encaminhar o comando dos bancos públicos.

Ontem, durante entrevista coletiva, o ministro Padilha afirmou que o processo de transição do comando da Petrobras será profissional, transparente, de forma a preservar interesses brasileiros. "Seguramente ele vai acelerar o passo nesse processo de recuperação que todos os brasileiros desejam", disse, sobre Parente.