Valor econômico, v. 17, n. 4009, 20/05/2016. Política, p. A6

Nova previsão de déficit deve ser divulgada na próxima segunda

Por: Vandson Lima / Fábio Pupo / Bruno Peres / Andrea Jubé

 

O ministro do Planejamento Romero Jucá afirmou ontem, após reunião com senadores, que a "verdade dos números será apresentada ao país na próxima segunda-feira", referindo-se à meta fiscal que será estabelecida para este ano. " A primeira posição para resolver o problema é reconhecer a verdade", afirmou. O ministro não quis abrir os números, mas o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), deixou o encontro dizendo que o déficit pode chegar à casa de R$ 200 bilhões.

O déficit deve ser apresentado pelo próprio presidente interino Michel Temer, acompanhado dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles; de Jucá e de Eliseu Padilha, da Casa Civil. A sugestão é reforçar a mensagem de que o governo será obrigado a recorrer a medidas amargas para consertar os erros acumulados nos mandatos da presidente Dilma Rousseff.

Temer está conduzindo ainda uma nova negociação com os Estados para conceder benefícios no pagamento das dívidas dos entes com a União. Haverá uma previsão na meta fiscal sobre o impacto para este ano oriundo da negociação. "Vamos discutir uma carência. O projeto de alongamento da dívida [já criado no governo Dilma] é viável, mas os governadores pedem mais", afirmou Jucá. Segundo ele, a proposta não vai entrar no mérito da discussão sobre o uso de juros simples ou compostos - que se tornou umembate entre Ministério da Fazenda e Estados.

Em outra frente, Jucá disse, após reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que os projetos de lei que reajustam salários de servidores, que foram encaminhados pelo Executivo, serão mantidos. "Vamos manter o que foi pactuado. A ideia é que a Câmara vote rapidamente a matéria". O governo vê também como prioridade o reforço de recursos para as eleições.

Segundo Jucá, hoje a principal preocupação para o orçamento é a Eletrobras. A tendência técnica é colocar uma referência sobre abatimento sem falar de valor na mudança da meta. "Vamos discutir primeiro a situação da Eletrobras e depois a própria modelagem dos investimentos e a forma de atuar em concessões e PPPs. O processo de capitalização da Eletrobras não é de curto prazo. Da Petrobras não estamos discutindo nada".

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que fará um esforço para votar a nova meta na terça-feira. Ele garantiu que o Senado contribuirá com o governo interino. "Não podemos desfazer o capital político que está sendo acumulado pelo governo".

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