Valor econômico, v. 17, n. 4007, 18/05/2016. Brasil, p. A5

Investigado é eleito para Comissão

Por: Vandson Lima / Thiago Resende

 

Investigado na Operação Lava-Jato e aliado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-AL), o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi eleito ontem, por aclamação, presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), uma das mais importantes do Congresso Nacional.

Lira disputava o posto com o deputado Sergio Souza (PMDB-PR), mas ficou com a vaga após um acordo entre os partidos. "Desisti em nome da unidade. Estamos ambos na base do novo governo, temos de oferecer facilidade, não dificuldade", disse Souza, que ficará com a segunda vice-presidência da CMO.

Outro motivo para a desistência do pemedebista foi o apoio recebido por Lira de partidos diversos. Ironicamente, o PT, da presidente afastada Dilma Rousseff, foi uma das siglas que deu respaldo ao aliado de Cunha, sob a alegação de que era necessário evitar a excessiva concentração de poder dentro do Legislativo no PMDB.

Arthur Lira está em seu segundo mandato e, no ano passado, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o sequestro de bens dele e de seu pai, senador Benedito Lira (PP-AL), igualmente investigado por suposta ligação no esquema de irregularidades na gestão da Petrobras.

O novo presidente da CMO quer indicar ainda hoje o relator do projeto de lei da revisão da meta fiscal deste ano. Ele aguarda contato do ministro do Planejamento, Romero Jucá, pois quer um parlamentar "em sintonia" com o governo. A ideia é que o parecer seja apresentado apenas na terça-feira, quando a equipe econômica do presidente interino Michel Temer já deve ter concluído os estudos sobre qual será a meta fixada.

Apesar de querer votar a proposta na CMO, Lira disse que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL)pode ter que pautar a alteração direto no plenário do Congresso para que o texto seja aprovado antes de o governo ter que editar um decreto de contingenciamento que pode paralisar a máquina pública.

Renan, por sua vez, confirmou que não convocará sessão conjunta da Câmara e do Senado para esta semana. Assim, não há chance de a mudança na meta fiscal ser votada pelo plenário até sexta-feira.

O presidente do Congresso tinha encontro marcado com Temer ontem à noite. "O governo está fechando as contas. O risco maior é você estabelecer uma meta que desde logo não será cumprida. Então a prudência recomenda aguardar um pouco", disse.

Senadores relacionados:

Órgãos relacionados: