A presidente afastada Dilma Rousseff reuniu-se ontem com os 22 senadores que votaram contra seu afastamento para agradecer o apoio e discutir sua estratégia de defesa no Senado. Dilma tenta conquistar mais votos dos senadores até a votação do mérito doprocesso de impeachment, que deve acontecer no segundo semestre.

Dilma convidou os parlamentares para agradecer o voto contrário ao afastamento do cargo. Hoje, a bancada do PT no Senado também começa a traçar a estratégia para tentar o retorno da petista à Presidência. A presidente afastada tem evitado eventos públicos desde que seu afastamento foi determinado pelo Senado, no dia 12. Ontem, ela concedeu uma entrevista ao jornalista americano Glenn Greenwald, que deve ser divulgada ao longo da semana.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também preferiu a discrição desde a aprovação da admissibilidade do impeachment pelo Senado e tem se reunido com poucos petistas em seu instituo, na capital paulista.

Na segunda-feira, Lula conversou com os senadores do PT Humberto Costa (PE) e Paulo Rocha (PA) e, segundo relatos, ainda está abatido com a derrota enfrentada pelo partido. "Todo mundo caiu na real", disse Rocha. O ex-presidente desistiu de participar de reunião da direção nacional do PT ontem, em Brasília.

Lula e petistas apostam na mobilização das ruas para desgastar o presidente interino Michel Temer, diante da adoção de medidas impopulares em estudo pelo governo, como corte dos beneficiários do Bolsa Família e uma possível redução no escopo do Sistema Único de Saúde (SUS).

No próximo domingo, a Frente Povo Sem Medo, que reúne entidades como o MTST, fará mais um ato em São Paulo contra o governo Temer.

Além das manifestações organizadas pelos movimentos sociais, tem aumentado os protestos espontâneos contra Temer. No domingo passado, houve um panelaço em diferentes cidades do país durante a exibição de entrevista do presidente interino ao "Fantástico", da Rede Globo.

Ontem, durante o Festival Internacional de cinema em Cannes, artistas da equipe do filme brasileiro "Aquarius" acusaram um golpe de Estado no país e protestaram com cartazes contra o afastamento de Dilma. Além disso, manifestantes foram ontem às ruas da capital paulista para protestar em um ato organizado por movimentos sociais como União Nacional dos Estudantes (UNE) e Levante Popular, entre outros.