Valor econômico, v. 17, n. 4006, 17/05/2016. Política, p. A8

Novo pedido de inquérito contra Aécio Neves é distribuído no STF

Por: Carolina Oms

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, distribuiu ao ministro Gilmar Mendes o segundo pedido de abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O pedido para investigar suposta tentativa de esconder o 'mensalão' tucano durante uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) foi inicialmente enviado ao ministro Teori Zavascki. Mas Teori opinou que o caso não está relacionado à Operação Lava-Jato e tem relação com outra investigação relatada por Gilmar Mendes contra Aécio a partir da delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral.

O pedido também tem como alvos o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), aliados de Aécio, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

Outro pedido de inquérito contra Aécio trata de suposto esquema de corrupção em Furnas. Na semana passada, o ministro abriu inquérito mas, cerca de 24 horas depois, diante de informações prestadas por Aécio Neves de que não havia novos indícios, Gilmar Mendes suspendeu a coleta de provas autorizada contra Aécio e pediu uma reavaliação da Procuradoria-Geral da República.

Caberá a Gilmar Mendes decidir sobre a abertura do inquérito, o que tornaria os políticos oficialmente investigados.

Em sua delação, Delcídio acusou o presidente do PSDB de ter atuado para maquiar dados do Banco Rural obtidos pela CPI dos Correios. Segundo ele, a quebra dos sigilos do Banco Rural, envolvida no escândalo, comprometeria vários políticos tucanos, entre eles o próprio Aécio. Delcídio disse ainda que Eduardo Paes, na época parlamentar, e Carlos Sampaio sabiam da fraude.

O ex-senador também relatou que Aécio recebeu "sem dúvida" pagamentos ilícitos de Furnas - objeto do primeiro pedido de abertura de inquérito contra o presidente do PSDB. Segundo ele, Aécio possui vínculo "muito forte" com Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas.

Ao suspender as investigações sobre Furnas, Gilmar argumentou que a defesa de Aécio demonstrou que não existem novos fatos que embasem o pedido de investigação e, em relação à suposta lavagem de dinheiro, não existiriam indícios novos ou "elementos mínimos" para dar início à investigação. "A petição do parlamentar pode demonstrar que a retomada das investigações ocorreu sem que haja novas provas", escreveu Gilmar.

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