Valor econômico, v. 17, n. 4005, 16/05/2016. Política, p. A9

Temer afirma que tem a legitimidade do voto

Por: Bruno Peres / Vandson Lima

 

Em entrevista veiculada ontem no "Fantástico", programa da rede de televisão Globo, o presidente interino Michel Temer afirmou que reconhece não ter apoio da população no momento, mas rechaçou contestações à sua legitimidade. "Eu tenho legitimidade constitucional e uma longa história pública. Fui eleito juntamente com a senhora presidente. Os votos que ela recebeu eu também os recebi", afirmou. "Só ganharei inserção popular se produzir efeitos benéficos para o país e tenho esperança de que conseguiremos".

Temer afirmou que não cortará recursos "dos setores mais carentes do País" e que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, está realizando um levantamento da máquina administrativa para um corte que deve envolver de 4 a 5 mil cargos comissionados. Temer confirmou que irá propor uma reforma previdenciária e afirmou que direitos adquiridos serão preservados.

O presidente interino relatou suas realizações nas duas vezes em que foi secretário estadual de Segurança em São Paulo e anunciou que o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, irá realizar uma reunião com os secretários estaduais que cuidam da área nos próximos dias.

Temer foi questionado sobre a ausência de mulheres em sua equipe ministerial. O presidente interino disse que irá trazer "uma representante do mundo feminino" para cuidar de áreas como cultura, comunicação social e igualdade racial, cujos órgãos não terão mais status de ministérios. "Tenho certeza de que essas pessoas farão um belíssimo trabalho pelo País".

Temer afirmou que sua mulher, Marcela Temer, irá assumir funções na área social, caso o vice-presidente seja efetivado no cargo, após o julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, em análise no Senado. O presidente interino não comentou o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A entrevista foi gravada na última sexta-feira.

Temer defendeu o ministro do Planejamento, Romero Jucá, que está sob investigação na Operação Lava-Jato. "Ele não é réu. Foi líder em três governos. Me ajuda enormemente na tarefa de ordenar o País. Não temos porque pensar que uma pessoa investigada está sujeita a um tipo de morte civil".

O presidente interino afirmou que irá reexaminar a permanência de Jucá no ministério caso ele se torne réu e confirmou a permanência de Leandro Daiello como diretor geral da Polícia Federal.

Escolhidos pelo presidente interino Michel Temer para integrar seu quadro ministerial, três senadores de atuação destacada no Congresso Nacional passarão as vagas para seus suplentes esta semana. As mudanças, no entanto, não alterarão a correlação de forças partidárias no Senado.

Haverá ainda a substituição do ex-petista Delcídio Amaral, cujo mandato foi cassado pelos demais senadores na terça-feira.

José Serra (PSDB-SP), novo ministro das Relações Exteriores, será substituído por um velho conhecido do Congresso. Eleito deputado federal cinco vezes, José Aníbal (PSDB-SP) foi presidente nacional do partido e é presidente do Instituto Teotônio Vilela.

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