Valor econômico, v. 17, n. 4003, 12/05/2016. Política, p. A2

Toffoli autoriza novo inquérito contra Cunha

Por: Carolina Oms

 

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a instauração de inquérito contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por supostas irregularidades em Furnas e autorizou o início da coleta de provas.

As suspeitas contra Cunha são de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Dias Toffoli autorizou a realização de diligências no prazo de 90 dias, como o depoimento de Eduardo Cunha e a inclusão da investigação sobre Furnas feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral na semana passada. Em sua delação, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) afirmou que Eduardo Cunha tinha relação com dirigentes de Furnas e que atuava para beneficiar o doleiro Lúcio Funaro, com quem mantinha "estreita relação", segundo o PGR.

Janot afirmou que o novo inquérito pretende "obter provas relacionadas a uma das células que integra uma grande organização criminosa - especificamente no que toca a possíveis ilícitos praticados no âmbito da empresa Furnas. Essa célula tem como um dos seus líderes o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro".

Como surgiu de uma delação da Operação Lava-Jato, o pedido foi feito inicialmente para o ministro Teori Zavascki, relator da operação no Supremo. Mas Teori considerou que não havia relação do esquema em Furnas com fatos da Petrobras e um novo relator foi sorteado.

Já o pedido de abertura de inquérito para apurar a suspeita de que o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), recebeu propina de Furnas será analisado pelo ministro Gilmar Mendes. Se Gilmar aceitar o pedido, o tucano será oficialmente investigado.

Em sua delação, Delcídio relatou um diálogo entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual mencionam Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas. Toledo seria o responsável por gerenciar uma espécie de "fundo" de recursos disponibilizados a políticos para financiamento de campanhas.

Aécio e Cunha negam as irregularidades.

Senadores relacionados:

Órgãos relacionados: