Valor econômico, v. 17, n. 4003, 12/05/2016. Política, p. A6

Sarney Filho tem passagem positiva pelo Meio Ambiente

Por: Daniela Chiaretti

 

Se confirmado como ministro do Meio Ambiente em um governo de Michel Temer, o advogado José Sarney Filho, 58 anos, ocupará a pasta pela segunda vez. Durante sua gestão, de 1999 a 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, conquistou o respeito dos ambientalistas e uma conexão com as questões ambientais.

"Aquele era, no entanto, um mundo bem diferente do atual", pontua um ambientalista. "Hoje, no Congresso, a bancada ruralista é mais articulada, é extremamente poderosa e com grande apetite pelo poder."

Sarney Filho não era o herdeiro político do pai, o ex-presidente José Sarney, um lugar que foi ocupado pela irmã, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney. Sua inclinação para as causas ambientais parece ter surgido neste vácuo.

Durante sua gestão no Ministério do Meio Ambiente, o caçula dos três irmãos Sarney criou unidades de conservação e buscou conter a extração ilegal de madeira, particularmente o mogno. Além disso, teve de lidar com um dos maiores desastres ambientais ocorridos no Brasil.

Em janeiro de 2000, um duto da Petrobras da refinaria de Duque de Caxias se rompeu e 1,3 milhão de litros de petróleo vazaram na Baía da Guanabara. Sarney Filho aplicou a maior multa estabelecida na Lei de Crimes Ambientais à Petrobras - R$ 51 milhões. Naquele ano, criou a Agência Nacional de Águas (ANA) como uma autarquia ligada ao ministério.

Os laços com os ambientalistas se estreitaram quando Zequinha Sarney, como é mais conhecido, entregou ao Congresso a proposta de reforma do Código Florestal aprovada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O documento original estabelecia em 80% o percentual de Reserva Legal em propriedades com áreas de floresta na Amazônia Legal, e em 35% para as regiões de Cerrado na Amazônia. O projeto recebeu um forte apoio das ONGs e, na outra ponta, muita pressão dos ruralistas.

A iniciativa fortaleceu o status do Conama como espaço para discutir o Código Florestal e a proposta foi adotada como medida provisória do governo FHC - o que foi revisto em 2012, no primeiro governo de Dilma Rousseff. "O novo Código Florestal irá explodir no colo de Temer agora, assim como os projetos para acabar ou enfraquecer o licenciamento ambiental", analisa um ambientalista.

Depois da votação do impeachment pela Câmara, em 17 de abril, Sarney Filho esteve com Temer. Segundo sua assessoria, levou as preocupações das ONGs com a pauta ambiental.

O político maranhense iniciou sua carreira na Arena, como deputado estadual em 1978. No Partido Democrático Social (PDS) elegeu-se deputado federal, em 1982. Foi também do Partido da Frente Liberal (PFL) - hoje Democratas (DEM) -, e filiou-se ao Partido Verde em 2005. Está no nono mandato consecutivo como deputado federal, é o líder do Partido Verde na Câmara e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista. Tem cinco filhos, todos homens, de três casamentos.

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