Valor econômico, v. 17, n. 4004, 13/05/2016. Política, p. A6

Equipe é definida minutos antes do discurso

Nomes para Integração e Minas e Energia só foram fechados quando Temer já se dirigia ao Planalto

Por: Murillo Camarotto e Daniel Rittner

 

O presidente interino Michel Temer teve muito trabalho para costurar todo o seu ministério a tempo de apresentá-lo para a multidão que se acotovelou no Salão Leste do Palácio do Planalto. As negociações para a escolha dos novos titulares do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério da Integração Nacional se arrastaram por todo o dia e só foram concluídas quando a caravana do novo governo deixou o Palácio do Jaburu em direção à cerimônia que marcou o início do governo.

A Integração, que tem forte apelo político na região Nordeste, era desejada pelo PSB da Câmara, mas acabou ficando com o PMDB do Senado. O escolhido foi o ex-ministro dos Portos Helder Barbalho, indicado por seu pai, Jader. Ele desbancou o ex-ministro das Minas e Energia Eduardo Braga e o vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, indicado pelo senador Eunício Oliveira.

dela na Câmara dos Deputados.

A nomeação de Helder pavimenta o caminho para que Eunício substitua Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Congresso Nacional. Renan defendeu a indicação de Braga, mas o ex-ministro ficou sem crédito no partido após não comparecer à votação do impeachment de Dilma Rousseff e não ter conseguido votos pelo afastamento

Sem a pasta desejada, o PSB teve Minas e Energia como única opção, já que todo o resto da Esplanada já estava devidamente distribuída. Até a noite de quarta-feira, eram cogitados os nomes do senador Roberto Rocha (MA) e do deputado Heráclito Fortes (PI), além do deputado Fernando Filho (PE), que foi originalmente indicado pela bancada do partido na Câmara para ocupar aIntegração.

Com 32 anos, o novo titular do MME está no terceiro mandato de deputado e é líder do PSB na Câmara. Ele é filho do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que foi ministro da Integração Nacional durante o primeiro mandato de Dilma e resistiu muito em deixar o posto quando seu partido decidiu romper com o governo petista, no fim de 2013.

Para viabilizar sua nomeação, Fernando Filho também teve que comprar briga com a ala pernambucana do PSB, uma das mais influentes da sigla. Apesar de terem apoiado o impeachment, os herdeiros políticos do governador Eduardo Campos (morto em 2014) se posicionaram contra a ocupação de cargos no ministério de Michel Temer.

A família Coelho é tradicional na política pernambucana, com várias gerações de parlamentares. A base do grupo fica no município de Petrolina, onde há uma importante atuação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). O órgão sempre foi vinculado ao Ministério da Integração, mas o governo Temer o colocou sob o guarda-chuva do Ministério da Agricultura, que será chefiado por Blairo Maggi (PP-MT).

Como a maior parte do nova Esplanada já era relativamente conhecida desde o início da semana, as novidades de ontem ficaram por conta dos cargos de segundo escalão. Sem status de ministério, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) será ocupada pelo engenheiro Dario Reis Lopes. Ele comandou a Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo em gestões tucanas eacompanhou o ex-prefeito Gilberto Kassab no Ministério das Cidades, onde cuidava da área de mobilidade. A nomeação foi confirmada ontem pelo novo ministro dos Transportes, Mauricio Quintela (PR-AL).

Temer também escolheu seus dois diplomatas de confiança no Palácio do Planalto. O embaixador Fred Arruda, representante do Brasil junto aos organismos econômicos sediados em Londres, deverá ser nomeado assessor internacional da Presidência da República. Ele ficará no lugar de Marco Aurélio Garcia, que durante toda a era petista exerceu as funções de uma espécie de "chanceler paralelo", com trânsito livre entre os governos de esquerda da América Latina. Pompeu Andreucci, atual assessor diplomático da vice-presidência, será chefe do cerimonial, um dos cargos mais próximos do presidente.

No Itamaraty, o embaixador Sérgio Danese tem boas chances de continuar como número dois.

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