Valor econômico, v. 17, n. 4004, 13/05/2016. Política, p. A6

Jucá busca nova meta fiscal e Meirelles diz estar 'preparado'

Por: Fábio Pupo, Eduardo Campos, Lucas Marchesini, Thiago Resende, Bruno Peres e Andréa Jubé

 

O novo ministro do Planejamento, Romero Jucá, terá uma pasta "aditivada" em mãos. Jucá confirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ficará sob sua tutela. Além disso, o nome da pasta passa de "Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão" para "Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão".

Para Jucá, uma das prioridades da equipe econômica será a aprovação da nova meta fiscal do governo central para 2016 - de superávit de R$ 24 bilhões para déficit de R$ 96,65 bilhões. Com receitas em queda, o governo está sufocado na tentativa de garantir o cumprimento do número. "A meta fiscal precisa ser aprovada rapidamente. Se não, haverá paralisação das atividades de governo no fim do mês. Na próxima semana, estaremos tratando isso e a ideia é aprovar meta fiscal do antigo governo para terquadro realista até fim do ano", apontou. "E as propostas de gestão, economia e de corte serão anunciadas a partir da próxima semana", completou.

Jucá tem conversado com o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e diz que a orientação do novo governo, a partir das informações coletadas, é de reduzir as despesas. "Tenho conversado muito com ele, é um amigo fraterno e excelente técnico. Vamos conversar com todos os técnicos para coletar dados. Ele repassou assuntos que estava desenvolvendo. E o ministro [daFazenda, Henrique Meirelles] vai analisar. A arrecadação está caindo muito, então teremos que reorientar o gasto público."

Além disso, o novo ministro do Planejamento sinalizou uma nova etapa nas negociações das dívidas dos Estados e outros temas que interessam aos entes. "Estamos discutindo a renegociação das dívidas", afirmou. "Vamos ver como se reequilibram as contas, depois no futuro ter uma nova modelagem para dar mais autonomia de arrecadação aos Estados. Vamos discutir, por exemplo, a uniformização da alíquota do ICMS e a convalidação dos incentivos fiscais. São coisas que já estão na pauta da Câmara e vamostrabalhar", afirmou.

Jucá compõe a equipe econômica liderada pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mal tomou posse no Palácio do Planalto, ele já iniciou os trabalhos no comando da economia. Ao chegar ao edifício-sede da pasta, ele foi indagado pelos jornalistas se estava "disposto" para a nova função. "Estou preparado para enfrentar os problemas", respondeu.

Meirelles foi conversar com o secretário-executivo da Fazenda, Dyogo Oliveira, sobre a transição no comando da pasta. A reunião ocorreu logo depois de encerrada a cerimônia de posse no Palácio do Planalto, quando Meirelles caminhou em direção contrária à do alto escalão do governo de Michel Temer (PMDB).

Enquanto os auxiliares do presidente interino saíam em massa do Salão Leste do Palácio do Planalto em direção aos andares superiores, ele decidiu descer, dizendo que queria ir ao Ministério da Fazenda. Após ser orientado a pegar o elevador e ir aos andares inferiores, ele admitiu que terá "muito trabalho" pela frente.

Meirelles marcou para hoje uma entrevista à imprensa às 11h30, para detalhar de maneira geral seu plano para a pasta. Na semana que vem, ele tem reunião com Gilberto Occhi, provável novo presidente da Caixa Econômica Federal.

Enquanto o novo comando da pasta assume as funções, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa planeja voltar a dar aulas na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso deve ocorrer após ele cumprir um período de quarentena.

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