Valor econômico, v. 17, n. 4004, 13/05/2016. Política, p. A6

Pemedebistas disputam liderança na Câmara

Por: Raphael Di Cunto

 

Com a posse do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), como ministro do Esporte ontem, pelo menos quatro pemedebistas já se colocam na disputa para a vaga: Leonardo Quintão (MG), José Priante (PA), ambos do grupo de Picciani, e Baleia Rossi (SP) e Hugo Motta (PB), do grupo adversário do atual líder.

A mudança no líder que comandará o maior partido da Câmara terá impacto importante nas relações da Casa. O PMDB está isolado dos três principais blocos - "centrão", oposição e PT - desde que Picciani se aproximou do governo petista e brigou com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que defendia o rompimento.

O novo líder da bancada encaminhará as composições com um dos dois polos da base do governo Temer e poderá ser decisivo na disputa por espaços na Casa, como a presidência e a liderança de governo. O centrão conta hoje com cerca de 200 deputados de PSD, PR, PP, PTB, PSC, SD, entre outros. Já a antiga oposição ao PT tem 120 em PSDB, DEM, PPS e PSB.

O PMDB, com 67 parlamentares, alinhava-se ao centrão no começo da gestão Cunha para pressionar o governo, antes de ser isolado. Agora, poderia servir tanto para fortalecer esse grupo e constituir maioria expressiva na Casa, como aumentar a influência da antiga oposição, que almeja postos de comando na nova configuração do Legislativo.

A principal disputa hoje é quem comandará a Casa com Cunha afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o interino, Waldir Maranhão (PP-MA), pressionado depois de tentar anular a aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Maranhão decidiu que não vai renunciar ao cargo nem tirar licença e resolveu usar as prerrogativas da função para negociar com os dois grupos. Ao 'centrão', disse que é pressionado pela oposição a aceitar questão de ordem ou pautar projeto de resolução para declarar vago o cargo de Cunha, realizando eleição para a presidência da Câmara em cinco sessões. PSDB e DEM tem pretensões de eleger o novo presidente. Em troca, ele continuaria como vice. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), negou a pressão. "É mentira dele. Nunca conversei com esse senhor", afirmou.

Para não fazer isso, Maranhão sugeriu ao centrão apoiá-lo para enterrar o processo de cassação no Conselho de Ética por abuso de poder - ao anular a sessão do impeachment - e mantê-lo no cargo com o poder dividido com os líderes na formulação da pauta de votações e deixar o comando das sessões de plenário com outros integrantes da Mesa, o 1 º secretário Beto Mansur (PRB-SP) e o 2 º vice Fernando Giacobo (PR-PR), ambos do centrão.

Picciani estava alinhado ao grupo de Cunha e trabalhava para destituir Maranhão, inclusive sugerindo um projeto de resolução para retirar as prerrogativas do 1º vice. O novo líder será o responsável por conduzir esse reposicionamento da bancada. Ainda não há prazo para a eleição.

Órgãos relacionados: