Valor econômico, v. 17, n. 4004, 13/05/2016. Política, p. A11

Gilmar suspende coleta de provas contra Aécio

Por: Carolina Oms

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes,suspendeu a coleta de provas no inquérito que investiga o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), pelo suposto recebimento de propina de Furnas. Anteontem, Gilmar havia autorizado a abertura de inquérito contra o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, que passou a ser oficialmente investigado.

"Determino o retorno dos autos ao Procurador-Geral da República, para que, à vista da documentação, requeira o que entender de direito", diz a decisão de ontem.

Gilmar argumentou que a defesa de Aécio, em petição protocolada ontem, demonstrou que não existem novos fatos que embasem o pedido de investigação e, em relação à suposta lavagem de dinheiro, não existiriam indícios novos ou "elementos mínimos" para dar início à investigação. "A petição do parlamentar pode demonstrar que a retomada das investigações ocorreu sem que haja novas provas", escreveu Gilmar.

Em sua delação, o senador cassado Delcídio do Amaral relatou um diálogo entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual mencionam Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas. Toledo seria o responsável por gerenciar uma espécie de "fundo" de recursos disponibilizados a políticos para financiamento de campanhas.

O ex-diretor era administrador dos contratos de terceirização de Furnas, dos quais 80% eram do Grupo Bauruense, que, entre 2000 e 2006, recebeu R$ 826 milhões da empresa em contratos de prestação de serviços.

Em sua delação, Delcídio afirmou também que Cunha exercia influência em Furnas, Dilma mudou a diretoria da estatal há quatro anos e os quadros de agora são técnicos. Essa mudança foi, inclusive, o início da briga entre Dilma e Cunha, pois ela retirou os aliados do deputado da estatal, segundo Delcídio.

No ano passado, o doleiro Alberto Youssef afirmou em sua delação que o PSDB possuía influência em uma diretoria de Furnas, juntamente com o PP, por meio de José Janene, deputado morto em 2010.

O doleiro disse que Janene contou que Aécio teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense. A PGR pediu o arquivamento da investigação em março. Mas, diante das informações dadas por Delcídio, Janot solicitou o desarquivamento.

O procurador-geral também pediu, na semana passada, que em 90 dias Aécio Neves e o ex-diretor de Engenharia da estatal Dimas Toledo sejam ouvidos.

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