Título: Desvio investigado
Autor: Jeronimo, Josie; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2011, Política, p. 2

A entrevista do policial militar João Dias Ferreira acusando o ministro do Esporte de receber propina em uma caixa de papelão na garagem do ministério tirou o titular da pasta de Guadalajara, no México, onde acompanhava os jogos Pan-Americanos, no último sábado. Apesar de o soldado da PM apresentar, até agora, apenas relatos verbais da suposta irregularidade, a acusação provocou mal-estar na Esplanada dos Ministérios e no Planalto.

O delator de Orlando apresenta-se como representante de duas entidades que seriam contratadas para ensinar artes marciais em projetos esportivos ligados ao programa Segundo Tempo. Juntas, as entidades teriam recebido R$ 3 milhões do ministério. O policial descreve um suposto esquema de cobrança de até 20% de propina em relação ao montante repassado pelo governo às ONGs. Cerca de R$ 40 milhões em recursos do Ministério do Esporte teriam sido desviados, segundo o acusador.

O ministro se defende das acusações alegando que a denúncia é uma tentativa de intimidação de João Dias, que comanda a Federação Brasiliense de Kung-Fu, entidade que deve, segundo o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), devolver R$ 95 mil aos cofres públicos por receber dinheiro sem comprovar a prestação de serviços. Irregularidades no programa Segundo Tempo foram apuradas na Operação Shaolin, que culminou na prisão de cinco pessoas acusadas de desviar R$ 2 milhões do Ministério do Esporte, entre as quais, o soldado da PM.