Título: Agnelo: denúncias são requentadas
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2011, Política, p. 6

Ana Maria Campos Enviada especial

Zurique ¿ Em viagem à Suíça para acompanhar o anúncio da Fifa sobre a tabela da Copa do Mundo, o governador Agnelo Queiroz (PT) rebateu suspeita de participação em irregularidades e crimes envolvendo recursos do programa Segundo Tempo, na época em que comandava o Ministério do Esporte. Agnelo disse que as denúncias são requentadas e coisa de "mercenários". "Não tem uma única denúncia nova, apenas uma mentira. Isso é canalhice", atacou.

Agnelo afirmou que em sua gestão como titular da pasta todas as contas foram aprovadas e ele não pode pagar por eventuais erros de outros. "No meu mandato, tenho todas as contas aprovadas. Não há nenhum processo contra mim, nem de Segundo Tempo nem de outra coisa. Essa é a realidade de meu mandato. Fora disso, quem responde é o próximo ministro", sustentou. E acrescentou: "Problema do Ministério do Esporte é do Ministério do Esporte. Eu sou governador".

Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu inquérito para apurar o envolvimento do governador nos supostos desvios de recursos do programa. Uma investigação por apropriação indébita e dispensa ilegal de licitação que tramitava na 12ª Vara Federal do DF, por envolver o nome de Agnelo, foi remetida pelo juiz titular, Marcus Vinícius Reis Bastos, para o STJ, foro para processos criminais de governadores.

Agnelo reagiu com indignação. Em conversa com jornalistas no hotel em que está hospedado em Zurique, relatou que conheceu João Dias, ex-militante do PCdoB, na campanha de 2006, quando os dois concorreram respectivamente ao Senado e à Câmara Legislativa, mas não teria nenhuma relação pessoal com ele. "É uma relação política. Éramos do mesmo partido", disse. Em 2008, Agnelo deixou o PCdoB e se filiou ao PT.

Copa Ao comentar as denúncias de João Dias, Agnelo defendeu o ministro do Esporte, Orlando Silva, com quem disse manter uma "excelente relação". Mas também não abriu fogo contra o denunciante, que é tratado pelo ministro como "bandido". Agnelo concentra os ataques a Geraldo Nascimento de Andrade, cujo depoimento prestado ao delegado Giancarlos Zuliani, responsável pela Operação Shaolin, ex-diretor da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), foi incluído no inquérito remetido ao STJ.

Geraldo gravou depoimento contra Agnelo para ser veiculado no horário eleitoral da campanha de Joaquim e Weslian Roriz no ano passado. O atual governador qualifica o acusador como um "mercenário".

Sobre as declarações de Orlando Silva de que recebeu João Dias no Ministério do Esporte a pedido de Agnelo, quando ele era ministro, o governador do DF sustentou que não se lembra do episódio e ressaltou que não vê nenhum problema nisso. "Há seis anos, eu terminei meu mandato. Imagina se vou me lembrar de todas as pessoas que encaminho paras as áreas respectivas... Se ele (Orlando) lembra, bem", afirmou. "Mas não tem maldade nisso, receber. Não tem nenhum problema em receber as entidades e executar planos dentro da lei", acrescentou.

Sobre o suposto afastamento de Orlando Silva da coordenação dos trabalhos da Copa, ao ser perguntado pelos jornalistas: "Acho que ninguém vai poder preparar sem o ministério. Isso é impossível".