O globo, n. 30229, 12/05/2016. País, p. 5

Transição avança

Com indicação de Ilan Goldfajn para o BC, tripé econômico da equipe de Temer está definido
 

-BRASÍLIA- Michel Temer assume a Presidência da República com o tripé de sua equipe econômica definido e a transição na área em andamento. Confirmados Henrique Meirelles no ministério da Fazenda e o senador peemedebista Romero Jucá no Planejamento, ontem o presidente interino bateu martelo e definiu que Ilan Goldfajn, indicado por Meirelles, irá para a presidência do Banco central (BC).

Economista-chefe e sócio do banco Itaú, Ilan foi diretor de Política Econômica do BC de 2000 e 2003, na gestão Armínio Fraga, e nos primeiros meses do próprio Meirelles à frente da autarquia. Ele deverá substituir o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, apenas após a reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom), pois precisa ser sabatinado.

A transição na economia está sendo tocada pelo ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Nelson Barbosa, e Jucá, que já vinha recebendo números e balanço do trabalho feito na pasta e no Planejamento. Os dois se encontraram ontem e debateram a agenda prioritária do ministério. O mais urgente é a alteração da meta fiscal de 2016.

O projeto que muda o resultado primário deste ano para um déficit de R$ 96,6 bilhões já foi encaminhado ao Congresso e precisa ser votado até o dia 30. Caso contrário, o governo terá de fazer um grande corte, paralisando a máquina pública.

Não está contemplado aí, porém, o alívio nos juros da dívida dos estados, concedido pelo Supremo Tribunal Federal. A conta deve ser coberta pela União. Jucá disse que, depois que o projeto for votado, será avaliada a necessidade de nova ampliação do déficit :

— Nós vamos precisar votar a proposta encaminhada pelo governo (Dilma). Isso é importante para ser votado, provavelmente, na próxima semana.

A situação da Eletrobrás, que pode ter de receber aportes da União, também foi abordada. A estatal tem prejuízos em função das mudanças forçadas no setor elétrico, feitas por Dilma, para impedir alta de tarifas.

Barbosa deixará o cargo assim que Dilma for afastada. O restante da transição será conduzido pelo secretário-executivo da Fazenda, Dyogo Oliveira, gestor de carreira. Quando Meirelles escolher um substituto, Oliveira deve ir para o Planejamento. Otávio Ladeira, do Tesouro; Jorge Rachid, da Receita, e Fabrício da Soller, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, todos servidores de carreira, também podem ficar para concluir a transição.