O Estado de São Paulo, n. 44760, 05/05/2016. Política, p. A11

Senado prevê que o ex-líder do governo será cassado

Ricardo Brito

O Senado prepara a cassação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) na próxima terça-feira, um dia antes da provável decisão dos parlamentares de afastar a presidente Dilma Rousseff ao abrir o processo de impeachment contra a petista. A cúpula do PMDB do Senado, com apoio de petistas e tucanos, quer evitar o constrangimento de que o ex-líder do governo Dilma participe da votação sobre a presidente.

Mesmo tendo sido preso preventivamente em novembro sob a acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato, Delcídio estava prestes a ter o mandato preservado pelos pares. Base e oposição consideravam-no um colega de bom trânsito. Contudo, ele caiu em desgraça desde que assumiu o figurino de “delator-geral da República” acusando quadros importantes do PMDB, PT e PSDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente tucano, senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Ocupando os principais cargos no Senado, os peemedebistas manobraram para adotar um rito sumário para cassá-lo. A ideia era que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) votasse ontem pela manhã o aval para o caso prosseguir para o plenário. Mas os senadores da CCJ preferiram ser cautelosos e, por não terem citado Delcídio formalmente sobre a reunião da comissão - o gabinete dele foi contatado por telefone -, adiaram a votação para hoje. Mas o destino do ex-petista está traçado. Os senadores avisaram que vão aprovar o andamento do processo.

Antes do início da CCJ, Delcídio apresentou pedido de nova licença por 100 dias para “assuntos particulares”. À noite, a assessoria dele enviou à comissão uma carta em que pede adiamento da reunião e cobra a marcação de data e hora para que ele compareça para falar - ele faltou às cinco reuniões para as quais foi convocada.

 

O presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB), não leva fé que ele aparecerá. “Nós estamos vendo que dificilmente isso ocorrerá”, afirmou.