O Estado de São Paulo, n. 44760, 05/05/2016. Política, p. A12

Defesa de Dirceu faz elogios a Sérgio Moro

Mateus Coutinho

Julia Affonso

Ricardo Brandt

Defensores do ex-ministro José Dirceu elogiaram o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, que eles dizem “merecer uma homenagem”. Os advogados de Dirceu, preso desde 3 de agosto, pedem, no entanto, a anulação do processo contra o ex-ministro, em alegações finais entregues a Moro.

O documento de 354 páginas reserva quatro delas para enaltecer o magistrado que se tornou símbolo do combate à corrupção no País. Os advogados “aplaudem” o trabalho do juiz. “(Moro) assume, a nosso ver, a figura de verdadeiro exemplo para toda a sociedade.”

“Não se pode negar a importância da Operação Lava Jato no cotidiano do nosso país. Um juiz de primeiro grau praticamente isolado, com a parca estrutura que tem o Judiciário como um todo, conseguiu, em razão de seu trabalho, de sua seriedade, de sua convicção e de seus ideais, prosseguir com uma operação que praticamente atinge todo o país, envolvendo inúmeros políticos e grandes empresas nacionais”, afirmam os advogados.

“Todos nós, como brasileiros que somos, não só aplaudimos como esperamos que todo esse esforço não seja em vão. E ao que tudo indica, já não foi”, seguem os defensores, cujo cliente segue preso preventivamente. “Que se critiquem alguns excessos lá e cá, algumas prisões desnecessárias - como a que ora nos deparamos - e algumas punições exageradas, a verdade é que, de fato, a posição deste magistrado foi relevante e fez toda a diferença para chegarmos onde chegamos”, dizem.

As alegações finais, última manifestação da defesa antes de o juiz decidir, foram entregues na ação penal em que Dirceu é acusado de receber propina da Engevix no esquema de corrupção da Petrobrás por meio de sua empresa, a JD Consultoria. O ex-ministro responde pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa num esquema que teria rendido R$ 56,8 milhões em propinas em contratos da Petrobrás.

 

Anulação. No documento - assinado pelos criminalistas Roberto Podval, Odel Jean Antun, Paula Indalécio, Viviane Raffaini, Carlos Eduardo Nakahara e Ana Caroline Medeiros -, os defensores de Dirceu criticam o Ministério Público, alegam que a denúncia contra o ex-ministro foi “prematura” e baseada apenas em delações com o intuito de prejudicar Dirceu.

Eles pedem ao juiz que anule a ação penal e o julgamento seja convertido em diligência ou, caso o juiz rejeite o pedido da defesa, Dirceu seja absolvido de todos os crimes por ausência de provas.

E dizem esperar de Moro que,“conseguindo, nesse momento, separar sua convicção pessoal e política, certamente julgará o processo e as provas, distanciando dele do homem que foi José Dirceu, ou o papel que representou politicamente no país. Considerará apenas os fatos narrados e efetivamente comprovados, de forma a contribuir com a Justiça e, verdadeiramente, com o Brasil”, afirmam os criminalistas.

 

Trecho

“Todos nós, como brasileiros que somos, não só aplaudimos como esperamos que todo esse esforçonão seja em vão. E ao que tudo indica, já não foi”, seguem os defensores, cujo cliente segue preso preventivamente...

 

desde agosto do ano passado por ordem de Moro. “Que se critiquem alguns excessos lá e cá, algumas prisões desnecessárias – como a que ora nos deparamos – e algumas punições exageradas, a verdade é que, de fato, a posição deste magistrado foi relevante e fez toda a diferença para chegarmos onde chegamos”,