O Estado de São Paulo, n. 44757, 02/05/2016. Política, p. A4

Oposição comemora 'novo início' para País em ato de sindicalistas

Valmar Hupsel Filho

Parlamentares de oposição deixaram de lado as pautas trabalhistas e transformaram o evento comemorativo ao Dia do Trabalho organizado pelos sindicatos ligados à Força Sindical, na Praça Campos de Bagatelle, zona norte de São Paulo, em ato pela defesa do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Nos discursos dos oradores que se revezaram ao microfone, o dia 11 de maio, data em que o Senado poderá decidir pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff por 180 dias, foi apontado como “o início de um novo começo” para o País.

Passaram pelo evento a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Mendonça Filho (DEM-PB), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Major Olímpio (SD-SP). Major Olímpio repetiu no palco a palavra “vergonha” que gritou no Palácio do Planalto na posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Ao contrário de 2015, desta vez o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não esteve presente.

O deputado Antonio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara afirmou que os deputados que estavam ali “cumpriram a obrigação votando pelo afastamento de uma presidente que cometeu crimes de responsabilidade e mentiu para a população”. “Faltam poucos dias para o Senado afastar esse governo que tem maltratado o trabalhador.”

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, afirmou que era preciso “afastar o PT do poder. Autor do voto decisivo para a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE) disse que “milhares de pessoas perderam seus empregos por causa desse governo irresponsável”.

 

Vaias. Vaiada ao ser anunciada e durante seu breve discurso, a senadora Marta Suplicy (SP), provável candidata do PMDB à Prefeitura, afirmou que “o Brasil tem jeito”. “Daqui a dez dias teremos uma luz no fim do túnel”, disse ela, em referência à data de apreciação do processo de impeachment no Senado.

Anfitrião do evento, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, tentou mas não conseguiu fazer a plateia cantar uma música anti-Dilma usada em protestos de rua pró-impeachment. A saia justa aconteceu quando o público passou a demonstrar desconforto com a quantidade de discursos de deputados, que se revezavam havia mais de 20 minutos em falas que exaltavam o processo de impeachment

 

Ao perceber que o público fazia sinais negativos, Paulinho disse: “Vocês querem música, né?”. Diante de sinalizações positivas, o deputado emendou: “Então vou cantar para vocês a música que cantei no meu voto pelo impeachment”. E começou a cantar “Dilma vai embora que o Brasil não quer você. E leve Lula junto e a quadrilha do PT”. O público, no entanto, não esboçou reação. Paulinho então encerrou a cantoria.