Título: Dia violento na Grécia
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Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2011, Economia, p. 21

Em meio a uma greve geral de 48 horas, 125 mil pessoas vão às ruas contra o arrocho. Na capital, houve confronto com a polícia.

Atenas ¿ Violentos confrontos explodiram ontem na capital da Grécia, no primeiro dia de uma greve geral de 48 horas convocada pelos sindicatos em protesto contra novas medidas de austeridade que o governo prepara para atender a exigências dos credores em troca de ajuda financeira à combalida economia do país.

Na Praça Syntagma, no centro da cidade, um grupo de 200 jovens e a polícia entraram em choque. Manifestantes atiraram coquetéis molotov e pedras contra os policiais que impediam o acesso ao parlamento grego, provocando a resposta das forças de segurança, com bombas de gás lacrimogêneo. Segundo fontes oficiais, aproximadamente 70 mil pessoas avançavam para o local para engrossar a manifestação.

Dezenas de viaturas da polícia estavam estacionadas diante do parlamento, onde os deputados discutiam um projeto de lei apresentado pelo governo do primeiro-ministro Giorgios Papandreou para reduzir o deficit público, que alcança 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar da revolta, o pacote, que prevê demissões de servidores públicos, aumento de impostos e congelamento das convenções coletivas, abrindo caminho para uma redução generalizada de salários no setor privado, foi aprovado em uma primeira rodada de votação, que será concluída hoje. Dos 295 deputados presentes, 154 integrantes do Pasok, partido socialista no poder, votaram a favor. A oposição em peso votou contra.

Segundo a polícia, os protestos mobilizaram 125 mil pessoas em Atenas, Salônica e outras cidades da Grécia, na maior manifestação desde o início da crise da dívida, em 2010. No cálculo de sindicalistas, 200 mil pessoas teriam ido às ruas. Na capital, as forças de segurança fecharam de maneira preventiva duas estações de metrô e os grandes hotéis da Praça Syntagma cerraram as portas diante de grupos de manifestantes mascarados, vestidos de preto, que lançavam pedras e outros objetos na direção dos policiais.

Em frente ao Ministério de relações Exteriores, os manifestantes incendiaram uma guarita que, em tempos normais, abriga guardas que usam vestimentas tradicionais e cuja marcha cadenciada faz a alegria de turistas. Um pouco mais longe dali, por volta de 300 taxistas, que protestavam contra a liberalização de sua profissão, atiraram pedras e lixeiras contra uma barreira policial, desencadeando uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo. A dívida pública da Grécia atinge 170% do PIB. Apesar de dois planos de ajuda já aprovados, o país vive uma grave recessão, que levará a economia a encolher 5,5% este ano, de acordo com projeções oficiais.

PAC PARA ERGUER EU Numa espécie de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) europeu, o órgão executivo da União Europeia (UE) definiu investimentos de 50 bilhões de euros (US$ 68 bilhões) até 2020 em infraestrutura. Nas pranchetas dos engenheiros, estão projetos de transportes que cruzam fronteiras, usinas de energia elétrica e serviço de banda larga. A intenção é impulsionar a expansão da economia e o emprego nos 27 países do bloco. Os gastos totais equivalem a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.