O globo, n. 30231, 14/05/2016. País, p. 9

Novo ministro da Justiça diz que manterá diretor da PF

Alexandre de Moraes defende o uso das delações premiadas
Por: Jailton de Carvalho
 
 
JAILTON DE CARVALHO
jailtonc@bsb.oglobo.com.br
 
-BRASÍLIA- O novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, convidou o diretorgeral da Polícia Federal, Leandro Daiello, a permanecer no cargo, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha a dança das cadeiras no alto escalão federal. A continuidade no comando da PF seria uma tentativa de o governo do presidente interino Michel Temer sinalizar que não pretende alterar os rumos da Operação Lava-Jato, uma preocupação para políticos influentes na Câmara, no Senado e mesmo na nova gestão.

Antes da abertura de processo de impeachment, adversários de Temer afirmaram que um eventual governo do PMDB esvaziaria a Lava-Jato. Antes mesmo da formação do novo governo, Daiello já havia sido informado do interesse de Temer em mantê-lo no cargo.

 

MINISTRO GARANTE APOIO A LAVA-JATO

Com o convite para ficar, Daiello bate um recorde. Ele é o diretor-geral com maior longevidade no cargo. Até agora, ele sobreviveu a passagem de três exministros da Justiça: José Eduardo Cardozo, Wellington César Lima e Silva e Eugênio Aragão. Em 2011, quando já estava de malas prontas para ser adido em Roma, Daiello foi convidado para a direção-geral da PF por Cardozo. Numa lista de cinco candidatos, ele era o que tinha menores chances. Mesmo assim, após longa conversa, Cardozo entendeu que Daiello seria o nome certo.

De perfil técnico, ele agrada porque conduz a PF com discrição: não há notícia de que tenha interferido no curso de uma investigação e, da mesma forma, não tenta tirar proveito pessoal do sucesso das operações.

Ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Moraes defendeu o uso da delação premiada.

— É um instrumento de efetividade para a Justiça Criminal. É um instrumento que deve ser aplicado como vem sendo aplicado pela Polícia Federal, pelas polícias civis, no campo dos estados, pelo Ministério Público e Poder Judiciário. Então é um instrumento de prova importantíssimo — afirmou o ministro. — Por parte do Ministério da Justiça, há o apoio total aos delegados, ao superintendente da Polícia Federal do Paraná e ao diretor-geral da Polícia Federal, para que possamos, inclusive com mais recursos, se houver necessidade, acelerar as investigações para que consigamos rapidamente desvendar todas as ramificações da Lava Jato.

O ministro também garantiu apoio às investigações da Lava-Jato, mesmo que atinjam ministros do novo governo:

Não há a mínima possibilidade de qualquer tipo de interferência. Quem conhece a minha história desde promotor de Justiça sabe que o combate a corrupção é a coisa mais importante, não só hoje, mas há muito tempo no país. A lei deve ser aplicada igual para todos, sem nome, sem filiação, sem partido. A lei é igual para todos.