Valor econômico, v. 17, n. 4002, 11/05/2016. Política, p. A8

Ilan Goldfajn deve assumir Banco Central

Meirelles negocia manter do status de ministério para o presidente do BC até definição de autonomia

Por: Claudia Safatle

 

Está praticamente decidido que o economista chefe do banco Itau, Ilan Goldfajn, será o presidente do Banco Central no eventual governo de Michel Temer. Um problema de última hora precisou ser renegociado pelo provável ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para manter o convite a Ilan.

Estava tudo certo até surgir, no último domingo, a possibilidade de se retirar o status de ministro e, portanto, as condições de "foro privilegiado" do presidente do BC. A medida, que dificulta a escolha de um nome para o BC, foi concebida para que Temer possa reduzir o número de ministérios do seu virtual governo.

O arranjo, acertado ainda ontem entre Meirelles e Temer, foi o de manter o status de ministro até que uma proposta de autonomia operacional do Banco Central seja enviada ao Congresso e, nela, seja criada uma nova forma de instituir a prerrogativa de foro privilegiado.

Foi o próprio Meirelles, quando presidente da instituição, em 2004, que reivindicou o status de ministro para o cargo, quando se viu envolvido em denúncias de sonegação fiscal. Com a prerrogativa de foro, o presidente do Banco Central fica protegido de ações de juízes de primeira instância contra decisões no exercício da função.

Meirelles ainda não montou a equipe do ministério da Fazenda. Um nome dado como certo para ocupar uma das secretarias da pasta é o do ex-diretor do BC, Carlos Hamilton.

É bastante provável que o ministro assuma o posto com alguns poucos assessores e vá montando a partir daí.

A sondagem a Ilan foi feita pouco depois de Meirelles ser convidado por Temer para ocupar o comando da economia caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada durante o processo de impeachment, o que pode acontecer hoje.

Há uma grande expectativa em torno das primeiras medidas do novo ministro que, segundo informações de pessoas próximas a ele, deverão ser destinadas a consertar a questão fiscal e serão enviadas rapidamente ao Congresso Nacional.

A estratégia de Meirelles será a de viabilizar o reequilíbrio das contas públicas no médio prazo, com medidas estruturais que vão demandar emenda constitucional.

Não está claro, por outro lado, qual será a política de curto prazo do provável ministro da Fazenda e se ela vai ser mais rigorosa do que a do atual chefe da pasta, Nelson Barbosa. Ou seja, se Meirelles, por exemplo, apoia a revisão da meta de primário tal como enviada pelo atual governo ao Congresso ou se implementará uma gestão fiscal mais dura.A revisão da meta de resultado primário das contas públicas tem que ser aprovada até o dia 30 deste mês.

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