Título: HUB e carga: a dupla vocação
Autor: Augusto, Leonardo
Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2011, Suplemento, p. 4

Especial para o Correio

O Aeroporto de Viracopos, em Campinas, apresenta grande crescimento nos últimos anos. O transporte de passageiros saltou de 760 mil passageiros, em 2002 para 4, 5 milhões de passageiros em 2010, impulsionado nos últimos dois anos pela companhia aérea Azul, que fez ali seu principal polo de operações. O transporte de carga, por sua vez, passou de 128 mil toneladas, em 2002, para 270 mil toneladas, em 2010 — isso em números redondos. Os dados são do anuário da Anac.

São números eloquentes, que ajudam a ilustrar um pouco da vocação e da história do aeroporto. Somente em 2004, o aeroporto recebeu novas salas de embarque e desembarque e mais áreas para serviços comerciais. Ainda assim, é precário em termos de comodidade — dos serviços oferecidos no terminal ao estacionamento. Desde a década de 90, entretanto, o aeroporto se notabilizou pelo transporte de cargas.

No início, as mercadorias seguiam de caminhão de Guarulhos até lá. Hoje, é o principal ponto de pouso para aeronaves cargueiras. Viracopos recebe aviões sem um único passageiro — apenas mercadorias. Além disso, é comum o desembarace de toda a carga de uma aeronave, uma vez que o conteúdo pertence a um só comprador. "Eu costumo dizer que Viracopos é atacado e Cumbica, varejo", resume o engenheiro Mozart Alemão, ex-superintendente de Viracopos.

O aeroporto tem um terminal de logística para cargas com 81 mil m², que deve ser ampliado — a exemplo de suas demais instalações. Sua excelência no setor de cargas, porém, vem também da modernização dos processos de movimentação de carga e do ágil desembarace aduaneiro, em parceria com a Receita.

O aeroporto fica a 14 km do centro de Campinas e a 100km do centro de São Paulo. Devido à localização, pode ser o destino natural de passageiros do rico interior paulista, o terceiro mercado consumidor do país. "Ele pode acabar sendo integrado ao sistema de São Paulo, mas não é o ideal", observa Alemão. "As duas principais vocações dele são ser um hub para o interior e o transporte de cargas", analisa o engenheiro aeronáutico Jorge Eduardo Leal Medeiros, professor da Universidade de São Paulo (USP).