Valor econômico, v. 17, n. 4001, 10/05/2016. Política, p. A7

Dilma recebe decisão de Maranhão com misto de surpresa e expectativa

Por: Lucas Marchesini / Andrea Jubé

 

Foi com surpresa e alguma expectativa que a presidente Dilma Rousseff recebeu a notícia de que o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), havia anulado a sessão de votação do impeachment. Durante solenidade de criação de cinco novas universidades federais, no Palácio do Planalto, Dilma tentou acalmar a militância presente, que tumultuou acerimônia com gritos de "não vai ter golpe". Dilma pediu "cautela", lembrando que a política é feita de "manhas e artimanhas". No fim do dia, Dilma inaugurou o Terminal 2 do Aeroporto de Goiânia (GO).

"Eu soube agora, porque da mesma forma que vocês souberam, apareceu nos celulares que um recurso foi aceito, e que, portanto, o processo está suspenso", disse a presidente. Ela ressalvou que ainda não tinha a "informação oficial" e que não sabia as consequências. "Por favor, tenham cautela, nós vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas. Só vamos entender o que está em curso se percebermos que é difícil, que nós temos de compreender a situação para poder lutar", afirmou.

Logo depois da solenidade, os senadores do PT e do PCdoB se reuniram com Dilma no gabinete para discutir os desdobramentos da decisão do presidente interino da Câmara. Naquele momento, por volta das 12h30, a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de não acolher o ato de Maranhão ainda não era conhecida. Os senadores petistas avaliavam que Renan devolveria o processo e haveria nova votação do impeachment na Câmara.

Durante a solenidade, Dilma teve que interromper seu discurso várias vezes diante do entusiasmo do público, formado principalmente por integrantes de movimentos sociais ligados à educação. Eles interrompiam os discursos a todo momento, com palavras de ordem que iam desde "Uh, é Maranhão" até o tradicional "não vai ter golpe", que tem marcado as manifestações e asdeclarações de governistas contra o impeachment da petista.

A presidente concluiu seu discurso afirmando que tem a "disposição de lutar até o fim". Ela chamou de "golpe frio" o processo movido contra ela. "Os alemães dividem os golpes em golpes quentes e frios. O quente é o armado, o frio é o que se usa de argumentos aparentemente legais para depor presidente legitimamente eleita", explicou.

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