Título: Definição com rapidez
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Gama, Júnia
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2011, Política, p. 2/3

A presidente Dilma Rousseff não pretende deixar a escolha do sucessor de Orlando Silva para janeiro, no âmbito da reforma ministerial. Nem pretende tirar a pasta do PCdoB. "Tenho pressa em resolver logo. Não vou demorar a chamar vocês aqui de volta", disse Dilma à cúpula do partido na reunião ontem no Planalto. Tudo caminha para o deputado Aldo Rebelo, de São Paulo, o nome preferido do partido. Dilma já teve resistências ao nome de Aldo, que divergiu muito do Planalto durante a votação do Código Florestal. Mas a avaliação é a de que chegou a hora de compensar quem já foi rifado pelo PT por duas vezes — na eleição para presidente da Câmara, em 2007, quando Arlindo Chinaglia foi o candidato escolhido, e na eleição para o Tribunal de Contas da União (TCU), na qual o governo trabalhou por Ana Arraes, empossada ontem no cargo de ministra.

Um dos nomes que constava da bolsa de apostas era o da deputada Luciana Santos, que chegou a ser convidada em dezembro, quando Dilma montou o primeiro escalão, mas, o partido insistiu em manter Orlando Silva no mesmo lugar. Pesou, na época, a opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem em Orlando um amigo com quem aprendeu a conviver desde que Agnelo Queiroz deixou o ministério do para se candidatar ao Senado, ainda em 2006. Na época, o nome de Aldo não foi sequer ventilado para ocupar a pasta.

"Inocência" Ontem à noite, tão logo deixou o Planalto, o presidente do PCdoB, Renato Rebelo, se reuniu com Aldo na Câmara. Participaram da conversa ainda os líderes da bancada na Câmara, Osmar Júnior (PI); o do Senado, Inácio Arruda (CE); e o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, que sucedeu Luciana Santos. Aos seus colegas de partido, Renato Rabelo disse que o aspecto positivo da conversa no Planalto foi Dilma reforçar a confiança no partido e a forma como ela tratou o ex-ministro. "Tenho certeza de que em breve estará provada a sua inocência", afirmou a presidente, ao demiti-lo. Ao Correio, Aldo relatou que a escolha do sucessor de Orlando não deve passar de hoje, antes de Dilma ir ao aniversário do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo. Tanto Aldo quanto Renato deixaram a reunião na Câmara no mesmo carro.

Aliados da presidente ouvidos pelo Correio afirmaram que as resistências de Dilma ao nome de Aldo podem ser deixadas no passado porque elas não seriam de caráter ético, como os vetos que fez às indicações do PMDB para a sucessão de Pedro Novais (MA) para a pasta do Turismo. Além disso, Aldo aceitou ser candidato a vice na chapa de Marta Suplicy (PT-SP) à prefeitura de São Paulo, em 2008.

O comunista não é um estranho na área. Em 1999, presidiu a CPI da Nike na Câmara dos Deputados, criada para investigar as denúncias de irregularidades na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A CPI acabou não tendo um relatório final aprovado porque a chamada "bancada da bola" liderada pelo ex-deputado federal Eurico Miranda (PP-RJ) apresentou um texto alternativo.

O terceiro nome apontado com chances para chegar ao Ministério do Esporte é do atual presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB-MA). Dino é adversário visceral do clã Sarney no Maranhão e, desde a nomeação de Gastão para a pasta, os dois passaram a trabalhar de maneira muito próxima. Defensores dessa alternativa acreditam que a nomeação de Dino para o Esporte deixaria os dois adversários mais distantes, e que Dino, com a experiência de juiz federal, poderia auxiliar no embate com a Fifa em torno da Lei Geral da Copa.

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