Título: Reforma sem consenso
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2011, Política, p. 10
Para acabar com o que chamou de "variável da confusão", o relator da reforma política na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), retirou de seu parecer final a necessidade de o eleitor votar duas vezes, uma para escolher a legenda e a outra para apontar o candidato. Ele sugeriu que seja aplicada na contagem uma fórmula que daria vantagens ao candidato filiado a partido que receber grande número de votos de legenda. "No sistema de voto único, o eleitor decide se quer dar o voto ao partido ou ao candidato. Para o eleitor não muda nada, ele continua votando no candidato ou na legenda. Esse sistema guarda uma neutralidade entre os partidos."
As alterações, no entanto, ainda não aproximaram o texto de um consenso. Entre os principais pontos do relatório de Fontana estão a defesa do fim da coligação proporcional, mudança das datas de posse para o Executivo e a inserção de mecanismos de participação popular para montar a pauta de votações do Congresso. O parecer também insiste na tese do financiamento público de campanha. Fontana justifica que as despesas eleitorais sofreram aumento de 801% nos últimos oito anos, chegando à marca de R$ 4,9 bilhões declarados na última eleição. "Se os recursos para o financiamento de campanha crescem nessa toada, como ela estará em 2014?"
O presidente do colegiado, deputado Almeida Lima (PMDB-SE), afirmou que o texto será votado em 9 de novembro. Ontem, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou projeto, de autoria do senador Jorge Viana (PT-AC), que abre aos partidos que não atingiram o quociente eleitoral a possibilidade de participarem das "sobras eleitorais" e, assim, disputarem as cadeiras remanecescentes nos parlamentos.