A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 13,249 bilhões de janeiro a abril de 2016, de acordo com os números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Trata-se do melhor resultado para o acumulado dos quatro meses em toda a série histórica, iniciada em 1989. No mesmo período de 2015 houve déficit de US$ 5,059 bilhões.

Monteiro: "Tivemos desempenho muito significativo, todos os setores da exportação registraram incremento físico"

O número é resultado de exportações de US$ 55,948 bilhões de janeiro a abril, retração de 3,4% na comparação anual, e de importações de US$ 42,699 bilhões, com baixa de 32,2%.

Os produtos semimanufaturados puxaram a queda das exportações no acumulado do ano. A categoria desses bens registrou queda de 5,4%, seguida pelos básicos, com baixa de 3,1%, e manufaturados, 1,8% menor. Dentro de semimanufaturados, o destaque de baixa ficou com ferro e aço, alumínio bruto e óleo de soja em bruto. Em produtos básicos, houve diminuição de receita de minério de ferro, petróleo em bruto e café em grão. Para manufaturados, as maiores quedas são em motores para veículos e partes, autopeças e motores e geradores elétricos.

Na importação, houve queda para o período de janeiro a abril em combustíveis e lubrificantes, de 49,5%, bens intermediários, de 30,2%, bens de capital (-29,4%) e bens de consumo (-27,1%).

Com esse ritmo, a expectativa do ministério é que a balança comercial alcance entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões de superávit no ano (antes, a estimativa era de US$ 35 bilhões). O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, afirma que as exportações começaram a dar resposta e que há crescimento na quantidade exportada nos produtos semimanufaturados, básicos e manufaturados. "Tivemos desempenho muito significativo, todos os setores da exportação registraram incremento físico muito expressivo. Isso não se traduziu em resultado de receita por causa da queda dos preços", diz.

O ministro destacou em entrevista coletiva o desempenho da balança do Brasil com crescimento acima da média mundial. Segundo ele, existe queda no comércio global e a posição relativa do país é positiva em relação às exportações. O ministro afirmou também que o Brasil ainda apresenta base concentrada de empresas que exportam, de cerca de 20 mil companhias, mas ressaltou que no quadrimestre cresceu o número de exportadoras.

Monteiro anunciou que, após 16 anos, o Mercosul vai iniciar no dia 11 de maio troca de ofertas com a União Europeia. Segundo o ministro, não foi um processo fácil considerando os perfis distintos dos parceiros do bloco e as assimetrias dificultam fazer trocas com facilidade. "A troca de ofertas significa um passo fundamental para construirmos acordo de livre comércio com a União Europeia", declara.

Questionado sobre o plano do vice-presidente da República, Michel Temer, de fundir atribuições do Ministério das Relações Exteriores (o Itamaraty) com o Mdic, Monteiro declarou que é perfeitamente possível as instituições trabalharem de forma alinhada, mas que a experiência internacional mostra que países com maior protagonismo separam comércio de diplomacia. "É assim que Estados Unidos e grande parte dos países do bloco europeu trabalham", disse.

Durante entrevista coletiva, Monteiro confirmou que vai voltar ao Senado para votar de forma favorável à presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment - previsto para ser deliberado em plenário no dia 11 de maio - caso ela o libere das funções da pasta. "Se ela [Dilma] me liberar, terei muita disposição para votar no Senado no dia 11. Sinto muita disposição a fazê-lo, em solidariedade ao governo e à presidente", afirmou. Segundo ele, no entanto, ainda há algumas tarefas a serem concluídas no comando da pasta.

Ele ainda disse que o governo busca anunciar até sexta-feira uma nova medida para beneficiar empresas do setor produtivo e industrial. "Posso dizer que estamos trabalhando para ver se a gente pode anunciar algo positivo", afirmou.