O Estado de São Paulo, n. 44767, 12/05/2016. Política, p. A10

Collor: 'Eu tentei alertar Dilma'

O ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTC-AL) subiu a passo firme os degraus até a tribuna. Começou citando Rui Barbosa: “Ruínas de um governo”. Em seu discurso, disse que “tentou alertar” Dilma do impeachment, mas ela “relegou sua experiência”.

“A autossuficiência pairava sobre a razão.” Desafeito a entrevistas, Collor só chegou ao Senado às 22h28, próximo do seu horário de falar.

No discurso, rememorou por várias vezes o ano de sua renúncia, destacando ter sido um ato ao qual foi “instado”. Estabeleceu relações entre os dois processos, o seu e o de Dilma, chamando-os de “análogos”. Reclamou que o atual processo já dura oito meses, enquanto o dele acabou em quatro. “O parecer que hoje discutimos possui 128 páginas. O mesmo parecer de 1992 tinha meia página”, ressaltou.“(Posteriormente), fui absolvido de todas acusações pelo STF.” O ex-presidente já havia sinalizado a amigos que estava satisfeito em manifestar-se “justamente no dia do afastamento de seus algozes”. Collor avaliou que “o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade, no desleixo da política”.

Para o senador, o pano de fundo das crises é o sistema presidencialista. “Espasmos de democracia”, definiu. Criticou a Lei do Impeachment e considerou que todo o sistema está em ruínas. “Isso requer reconstrução.” Por fim, citou trecho de uma biografia sobre ele, que “está para ser lançada” e o isenta dos crimes.

 

“A história me reservou este momento. Devo vivê-lo no estrito cumprimento do meu dever”, concluiu. E não revelou o voto./LUÍSA MARTINS, GUSTAVO PORTO, RICARDO BRITO E LUCIANA NUNES LEAL