O Estado de São Paulo, n. 44767, 12/05/2016. Política, p. A21

Inquérito no STF vai investigar Aécio

Gustavo Aguiar

Isadora Peron

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou ontem a abertura de inquérito contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para apurar o envolvimento do tucano em um esquema de corrupção em Furnas.

O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação do agora ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS)no âmbito da Operação LavaJato, e enviado ao ministro Teori Zavascki.

O ministro, no entanto, entendeu que o caso não tem ligação com o esquema de corrupção da Petrobrás e o pedido foi redistribuído ontem para Gilmar Mendes. O novo relator acolheu a representação de Janot e determinou o cumprimento de diligências pela Polícia Federal, que deve ouvir Aécio num prazo de 90 dias.

O tucano é suspeito de receber propina do ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, em um esquema de desvio de recursos na estatal semelhante ao investigado pela Lava Jato. O caso já havia sido relatado nas delações do lobista Fernando Moura e do doleiro Alberto Youssef.

Youssef afirmou que o presidente do PSDB teria recebido R$4milhõesempropinadadiretoria de Toledo. Na ocasião, a citação foi arquivada. Agora,Gilmar Mendes determinou que o documento seja desarquivado e incluído nos autos do processo.

Delcídio afirmou em relação a Aécio que “sem dúvida”o presidente nacional do PSDB recebeu propina em um esquema de corrupção na estatal de energia Furnas que, segundo o delator, era semelhante ao da Petrobrás, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.

Oex-líder do governo tem experiência no setor elétrico, conhece o ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo, apontado como o responsável pelo esquema de corrupção, e disse ter ouvido do próprio exp residente Lula, em uma viagem em 2005, que Aécio o teria procurado pedindo que Toledo continuasse na estatal.

Além deste procedimento, Aécio é alvo de um segundo pedido de investigação feito por Rodrigo Janot a Teori Zavascki no âmbito da Lava Jato, para apurar se o tucano agiu para alterar dados bancários do Banco Rural que poderiam atingilo e a seus aliados no escândalo do mensalão.

 

Aécio Neves negou qualquer envolvimento no caso, masdisse considerar absolutamente natural e necessário que as investigações sejam feitas, pois demonstrarão, como já ocorreu outras vezes, a correção da sua conduta. Ele também reiterou seu apoio à operação Lava Jato, página decisiva da história do país, e tem convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações feitas.

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Toffoli autoriza apuração contra Cunha

 

Isadora Peron

 

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito contra o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDBRJ),para apurar o envolvimento do peemedebista no esquema de corrupção em Furnas.

O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação do agora ex-senador Delcídio Amaral (sem partido –MS).

Inicialmente, o inquérito havia sido direcionado ao ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato na Corte.

Teori, porém, entendeu que essa investigação não tem relação com o esquema de corrupção da Petrobrás.

Para Janot, Cunha é um dos líderes de uma célula criminosa que teria atuado em Furnas. O procurador-geral acusa o peemedebista de alterar a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, para beneficiar seus interesses e de Lúcio Funaro, com a relatoria de medidas provisórias que favoreceram a empresa Serra da Carioca II, na época em que um indicado de Cunha, Luiz Paulo Conde, ocupava a presidência de Furnas na época.

Teria sido a atuação de Cunha que permitiu que Furnas comprasse, em 2008, as ações da Serra da Carioca II, que era sócia da estatal, em um consórcio para construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás. Cunha já responde a uma ação penal no STF e a outros quatro inquéritos no âmbito da Lava Jato. / I.P.