O Estado de São Paulo, n. 44763, 08/05/2016. Política, p. A4

Jucá, presidente do partido, afirma que arrecadação foi legal

O PMDB nega envolvimento em ilícitos. O presidente do partido, senador Romero Jucá, divulgou nota via assessoria de imprensa. “O PMDB sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no País. Doações de empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral nas eleições citadas”, afirmou ele, cotado para assumir o Ministério do Planejamento de um eventual governo de Michel Temer.

Na nota, o partido informa que “em todos esses anos, após fiscalização e análise do Tribunal Superior Eleitoral, todas as contas do PMDB foram aprovadas não sendo encontrado nenhum indício de irregularidade”. O PMDB negou todas as acusações de delatores. E disse que nunca autorizou ninguém a ser intermediário do partido para arrecadar recursos.

Procurado, Eduardo Cunha não foi localizado. O presidente afastado da Câmara vem negando envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás.

O senador Renan Calheiros nega relação com o esquema e recebimentos de propina. Jorge Zelada, por meio de sua defesa, disse que as denúncias contra eles são “absolutamente improcedentes” e que ele não recebeu propina. A defesa de João Henriques não foi localizada. Em outras ocasiões, ele negou irregularidades e informou ter recebido comissões por intermediações de contratos. Nestor Cerveró e Fernando Baiano confessaram envolvimento com o esquema, em suas delações.

 

PARA ENTENDER

Estatal sofreu loteamento

 

Para a força-tarefa da Operação Lava Jato, o PMDB era a segunda perna de sustentação do esquema de corrupção sistêmica nos governos Lula e Dilma Rousseff, descoberto a partir da Petrobrás.

Na estatal petrolífera, a organização criminosa denunciada montou uma sistemática de loteamento partidário de diretorias-chave e indicações de diretores, que, via operadores de propina, fraudavam e desviavam de 1% a 3% dos contratos. Eles atuavam em conluio com empresários de um cartel que abastecia o maior caixa da corrupção descoberto até aqui no País: mais de R$ 20 bilhões.

Uma arrecadação que beneficiou PT, PMDB e PP, apontados como controladores do esquema, mas que também irrigou cofres de partidos da oposição, como PSDB.As investigações sobre o esquema do PMDB na Petrobrás começaram em 2014, em Curitiba – sede da Lava Jato.

 

Os trabalhos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal pavimentaram até aqui o caminho para acusações contra políticos, como a feita contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela Procuradoria-Geral da República.A cota do PMDB no esquema na Petrobrás, conforme as investigações, era a Diretoria de Internacional.