Título: Imprensa sob pressão
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2011, Mundo, p. 29
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que está aberto a uma visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para verificar a situação da liberdade de expressão, mas advertiu o órgão a "respeitar a soberania" do país. "Pode vir quantas vezes quiser e será bem-vinda, não precisa de convite", afirmou o presidente a uma emissora de rádio, referindo-se à relatora da CIDH, Carolina Botero. "Venha e veja se há atentado à liberdade de expressão, censura e todas as barbaridades que dizem", completou, com a ressalva de que a relatora não se pronuncie sobre processos judiciais em andamento.
Correa se referia, possivelmente, a três diretores e um ex-editor de opinião do jornal El Universo condenados, em julho passado, a cumprir três anos de prisão e a pagar US$ 40 milhões em uma ação por injúria impetrada pelo presidente, que também exige US$ 10 milhões de outros dois jornalistas. Acusado de tentar calar as vozes críticas a seu governo, ele rebate condenando o "monopólio das comunicações" por um grupo de empresários a quem qualifica como "um poder de fato, medíocre e corrupto", "uma máfia que não tem profissionalismo". "Estamos rompendo esse monopólio e, enquanto continuarmos essa luta, os veículos, os grandes capitais dedicados ao negócio da comunicação, continuarão se opondo ao governo."
Em uma audiência diante do CIDH, da qual também participaram ministros de Correa e funcionários de Estado, jornalistas equatorianos denunciaram uma "cascata" de processos contra eles. Segundo os profissionais, existe no país "uma constante e sistemática política de ataques às liberdades de imprensa, de expressão e de associação", afirmou César Ricaurte, diretor no Equador da Fundação Andina para a Observação e Estudo de Meios (Fundameios).