O Estado de São Paulo, n. 44769, 14/05/2016. Política, A5

Alvorada fica sem bandeira presidencial

Tânia Monteiro

Vera Rosa

Leonencio Nossa

Menos de 24 horas após ser afastada do poder, Dilma Rousseff perdeu direito à bandeira presidencial, a general, helicóptero e até a guardas de portaria. Dois assessores dela estiveram ontem pela manhã no Palácio do Planalto para pedir a permanência de um general na sua segurança, mas não conseguiram. Antes disso, às 8h, o Batalhão da Guarda Presidencial deixou de hastear o pavilhão com o brasão da República - símbolo da Presidência - no mastro em frente ao espelho d’água do Palácio da Alvorada.

Embora o presidente em exercício Michel Temer tenha dito ontem, que a foto emoldurada de Dilma será mantida “em todos os recintos”, funcionários de alguns gabinetes do Planalto e da Esplanada tentaram retirá-la.

Quando a imagem foi deslocada, havia a seguinte mensagem fixada atrás: “Conspiradores e golpistas, a história não os absolverá”.

Ao ser informada por auxiliares de que todas as suas secretárias haviam sido demitidas e que o site do Planalto tinha retirado suas fotos, a presidente afastada não mostrou surpresa. “Estejamos preparados para tudo”, afirmou ela.

Na noite de anteontem, dia em que deixou o Planalto, Dilma jantou com oito amigas que estiveram presas com ela, nos anos 70, entre as quais a ex-ministra de Política para Mulheres Eleonora Menicucci. Disse que, apesar da vontade de levar uma “vida normal”, tinha a obrigação de resistir até o fim.

Às 18h45 de ontem, após dar uma entrevista para jornalistas estrangeiros ao lado do ex-ministro José Eduardo Cardozo, hoje seu advogado, Dilma embarcou para Porto Alegre. Foi visitar a filha Paula e seus dois netos. Um assessor lhe disse ter lido uma nota dando conta de que ela poderia perder o direito a usar o jato Legacy da FAB no período de afastamento, que pode durar até 180 dias. “Será que vão fazer isso?”, perguntou.

 

 

Agenda. A viagem a Porto Alegre será curta. Na segunda-feira, a petista estará de volta a Brasília e fará uma série de reuniões. A avaliação de seu grupo é de que, no primeiro dia pós-impeachment, ela ganhou a batalha da comunicação. A estratégia do “QG da resistência” - como o PT batizou o Alvorada - é usar cada vez mais as redes sociais para fazer um contraponto a Temer e vender sua versão do impeachment.