Título: Oposição arma artilharia
Autor: Rizzo, Alana; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 24/10/2011, Política, p. 3

Além do pente-fino determinado pelo Planalto, parlamentares tucanos tentam convocar funcionários da pasta

Os principais aliados do ministro do Esporte, Orlando Silva, estão na mira da oposição e do descontentamento do Palácio do Planalto com o desempenho administrativo da pasta. Logo após o início das denúncias de corrupção envolvendo convênios firmados pelo ministério com ONGs, o governo solicitou um pente-fino na estrutura de comando do Esporte e chegou à conclusão de que a pasta precisa de renovação. Dos cinco cargos que compõem a cúpula do ministério, apenas um posto é gerenciado por funcionária com perfil técnico. Os outros cargos abrigam dois dirigentes do PCdoB e dois gestores que já tiveram condutas questionadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O nome do subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Esporte, José Lincoln Daemon, é citado em acórdãos do TCU e nota técnica da CGU questionando compras sem licitação e pagamento a entidade inadimplente. O responsável pela Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, também teve o nome envolvido em suposta irregularidade na execução de contrato de R$ 22 milhões para construção de estrutura temporária durante os jogos do Pan-Americano de 2007. O TCU concluiu que o valor do convênio era maior do que o orçamento.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), disse que vai pedir no Congresso a convocação de dois funcionários do Ministério do Esporte suspeitos de participar de um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo. Segundo reportagem da revista Veja desta semana, Fábio Hansen e Charles Rocha foram flagrados em conversa gravada negociando uma solução para a prestação de contas da entidade comandada pelo policial militar João Dias Ferreira, delator do caso. O tucano informou que o nome dos assessores será aditado à representação protocolada na Procuradoria-Geral da República na semana passada. "O que percebemos pelas denúncias é que há um mensalão também no Ministério do Esporte. O modus operandi é o mesmo que foi montado nas gestões de Lula e que ainda não foi eliminado", criticou Nogueira.

Deputada federal pelo PCdoB de Minas Gerais, Jô Moraes afirma que ainda não há comprovação do envolvimento de Orlando ou mesmo do partido. "Queremos que todos os fatos e todos os projetos sejam avaliados. Se houver erros, vamos punir quem errou. O que não pode é denúncia sem prova", defende a deputada federal. Para a parlamentar, a quebra do segredo de Justiça da Operação Shaolim poderá "fazer a verdade aparecer".

O que percebemos pelas denúncias é que há um mensalão também no Ministério do Esporte. O modus operandi é o mesmo que foi montado nas gestões de Lula e que ainda não foi eliminado" Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara