O Estado de São Paulo, n. 44779, 24/05/2016. Política, A5

Político cearense comandou subsidiária de 2003 a 2015

Fernanda Nunes

Indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), à presidência da Transpetro, subsidiária de Logística da Petrobrás, o político Sérgio Machado (PMDB-CE) - que teve divulgada conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) - é o executivo de primeiro escalão da estatal que mais tempo se manteve no cargo, de 2003 a 2015. Ele assumiu a empresa ainda no primeiro governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lá permaneceu até o primeiro ano do segundo mandato da presidente afastada Dilma Rousseff.

Nos 12 anos em que presidiu a Transpetro, Machado comandou uma das principais bandeiras políticas do PT, a retomada da indústria naval a partir do projeto bilionário de encomenda de navios em estaleiros nacionais. Após denúncias de delatores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ele renunciou ao cargo em fevereiro do ano passado.

 

Delator. Ex-diretor da Petrobrás, o delator Paulo Roberto Costa disse ter recebido R$ 500 mil de Machado para facilitar o desvio de recursos na contratação de navios. O ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa denunciou o pagamento de propina de R$ 1 milhão para que obras encomendadas pela Transpetro “andassem normalmente”.

Como presidente da Transpetro, Machado comandou um orçamento de R$ 11,2 bilhões, relativo à contratação de 49 navios e 20 comboios de transporte hidroviário, dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A crise financeira da empresa e a Lava Jato impediram a continuidade do projeto. Até hoje, apenas 14 navios ficaram prontas.

 

 

Partidos. Machado filiou-se ao PMDB em 1982. Trocou de partido em 1990, quando foi eleito deputado federal pelo PSDB. Retornou ao PMDB em 2001, um ano antes de ser derrotado nas eleições para governador do Ceará. Após renunciar à presidência da Transpetro, ele retornou a Fortaleza.