O Estado de São Paulo, n. 44773, 18/05/2016. Economia, p. B1

EQUIPE ECONÔMICA É BEM RECEBIDA, MAS MERCADO COBRA ANÚNCIO DE MEDIDAS

Novo comando. Analistas elogiaram nomes definidos por Henrique Meirelles para o Banco Central e secretarias do Ministério da Fazenda; falta de propostas concretas para os problemas da economia, no entanto, começa a provocar ansiedade no mercado
Por: Adriana Fernandes / Murilo Rodrigues Alves

 

 

Adriana Fernandes

Murilo Rodrigues Alves

BRASÍLIA

 

Sem medidas prontas para divulgar, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, parcelou o anúncio da equipe econômica.

Confirmou ontem o nome de Ilan Goldfajn, economista- chefe do Itaú, para a presidência do Banco Central, e demais três novos secretários que terão como missão principal o ajuste fiscal e o controle das despesas públicas.

As indicações para o comando da Caixa e do Banco do Brasil, porém, foram adiadas, ainda sem previsão de data.

O “time de Meirelles”, formado por executivos e pesquisadores com perfil notadamente liberal – Mansueto Almeida, na Secretaria de Acompanhamento Econômico; Carlos Hamilton, na Secretaria de Política Econômica; e Marcelo Caetano, na Secretaria de Previdência– agradou ao mercado financeiro.

Mas a falta de medidas concretas para sinalizar como o País poderá sair da crise começa a causar ansiedade.

Para Thais Zara, economista chefe da Rosenberg Associados, a estratégia de avaliar a situação primeiro para anunciar medidas depois talvez até seja adequada, dada a situação política.

“Mas também não pode demorar muito. A ansiedade do mercado é grande”, disse.

O economista da 4E Consultoria Bruno Lavieri também disse concordar com a cautela de Meirelles, mas destacou a necessidade do anúncio de novas medidas.“O novo governo já está trabalhando no esboço das medidas há algum tempo.” Diante da pressão por medidas, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, pediu “paciência” e “um tempo mínimo”. “É um governo de dois dias, mas a sensação que tenho é que estamos no governo há quatro anos”, disse. Depois de uma reunião com o presidente em exercício, Michel Temer, e líderes da base aliada, Geddel admitiu que o governo ainda precisa concluir o levantamento “de coisas gravíssimas que erramos”. “Não tem lua de mel com o mercado. Há um casamento que começou com uma rapidez danada”, disse.

Na segunda entrevista coletiva convocada desde que assumiu o cargo, na semana passada, Meirelles voltou a dar sinais em direção à reforma na Previdência e corte de despesas, mas não avançou nos detalhes de seu plano de voo para solucionar o buraco nas contas públicas.

Meirelles voltou a dizer que a confiança vai evoluir gradualmente com a reforma da Previdência e conforme forem anunciadas medidas fiscais. “A retomada da confiança é algo geométrico, começa devagar e depois acelera.” Em relação à necessidade de criação de um imposto transitório, como a CPMF, ou de elevação da carga tributária com outros tributos, como a Cide(incidente nos combustíveis), disse que não há decisão e que “tudo será objeto de análise”.