Título: Uma mulher de várias facetas
Autor: Melo, Max Milliano
Fonte: Correio Braziliense, 24/10/2011, Mundo, p. 10

Frágil e autoritária, sedutora e taxativa, elegante e cerebral. Assim as pessoas mais próximas definem a advogada argentina Cristina Fernández de Kirchner, 58 anos, um dos mais controversos personagens da história recente do país vizinho, a quem caberá a missão de guiar os destinos de quase 42 milhões de argentinos por mais quatro anos. Nascida em La Plata — cidade universitária a 60km ao sul da capital —, Cristina tinha 20 anos quando conheceu Néstor Kirchner, três anos mais velho. Seis meses depois, tornou-se sua mulher. Ambos militavam na Juventude Peronista antes de se refugiarem na Patagônia durante a ditadura (1976-1983). Tiveram dois filhos e construíram carreira política juntos. Ele foi deputado, governador da província de Santa Fé, além de senador e presidente, dois cargos que também foram ocupados pela mulher.

Filha da classe média argentina, a presidente mantém um lado mais frívolo. Os cabelos muito bem tingidos e a maquiagem pesada são suas marcas registradas. Eram comuns histórias em que Néstor precisou esperar por mais de uma hora para jantar na Casa Rosada, enquanto a mulher se arrumava. O gosto pelas grifes de alta costura, em especial a italiana Dolce & Gabbana e a francesa Hermès, por vezes foi usado contra ela por seus opositores.

CFK — como também é conhecida — é famosa pela oratória. "Ela é avassaladora, apesar de às vezes se chocar com a realidade e se dar conta de que não pode continuar avassalando", destaca Alberto Fernández, chefe de gabinete dos Kirchner entre 2003 e 2008. "Ela não escuta. Não há lugar para o diálogo", diz Hermes Binner, seu rival da Frente Ampla Progressista, ressaltando outra característica famosa da presidenta: ser intransigente.