O Estado de São Paulo, n. 44786, 31/05/2016. Política, p. A6

FILHO DE MACHADO TAMBÉM FAZ DELAÇÃO

Investigado como um dos operadores do PMDB, filho caçula do ex-presidente da Transpetro fechou acordo de colaboração com a Lava Jato
Por: Adriano Ceolin / Andreza Matais

 

Adriano Ceolin

Andreza Matais / BRASÍLIA

 

O filho caçula do ex-presidente Transpetro Sérgio Machado também fez acordo de delação premiada. Expedito Machado Neto, conhecido como Did, resolveu colaborar com a Justiça após a Operação Lava Jato identificá-lo como operador financeiro da cúpula do PMDB do Senado. Morador de Londres, Did controla um fundo de investimento na capital da Inglaterra.

A delação premiada dele foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, juntamente com a do pai. Uma faz parte da outra.

Enquanto Sérgio Machado gravou as conversas com a cúpula do PMDB no Senado para demonstrar proximidade com o grupo, Did apresentou o caminho do dinheiro desviado de obras e serviços da Transpetro.

No acordo firmado com o Ministério Público, ficou acertado que Did e seu pai irão devolver aos cofres públicos os recursos financeiros provenientes de corrupção investidos no fundo que ele controlava. O total do dinheiro a ser repatriado ainda será quantificado pelo MP. Segundo os investigadores,“ os valores são surpreendentes”.

Mais do que os áudios entregues por Sérgio Machado à Lava Jato, os depoimentos dele e os dados apresentados por seu filho comprometeriam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP). Os três já tiveram conversas gravadas divulgadas.

Conforme o Estado apurou, desde que surgiu a possibilidade de Machado fazer acordo de delação premiada, a maior preocupação da cúpula do PMDB era de que Did também colaborasse.

Segundo um conhecedor do esquema, ele tinha como responsabilidade controlar o dinheiro do grupo. Em outras palavras,“ o grande laranja” dos senadores peemedebistas.

Na semana passada, a Coluna do Estadão revelou que Sérgio Machado decidiu fazer a delação premiada depois que os investigadores rastrearam uma operação na Europa e se depararam com o herdeiro.

 

Demissões. Desde a semana passada, conversas gravadas por Machado já causaram a demissão de dois ministros. Então ministro do Planejamento, Romero Jucá ( PMDB-RR) pediu demissão depois que áudios mostraram que ele defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff como uma forma de evitar que a Lava Jato avançasse.

Ontem, foi a vez do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, deixar o cargo. Ele pediu demissão depois de áudios gravados por Machado mostrarem que ele deu palpites sobre a defesa de Renan junto à Procuradoria- Geral da República.

O advogado de Expedito Machado Filho não quis falar com a reportagem. Até a conclusão desta edição, as assessorias de Renan, Jucá e Sarney não se manifestaram.

 

Temer se reúne com Janot

O presidente em exercício Michel Temer se reuniu ontem com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em um encontro reservado no Palácio do Planalto.